sexta-feira, 14 de setembro de 2012

EUVÍ: Política e eleições do Rio de Janeiro 2012(ninguém é de ninguém)

Uma vez estava conversando com meus amigos, e um deles começou a abrir o jogo sobre uma parte da vida dele que até então ele mantinha em segredo, sua pré-disposição para participar de "surubas" em "casas de swing", logo que ele falou "seu segredinho", um outro também admitiu já ter participado, depois outro disse a mesma coisa, no final, só eu era que nunca tinha feito.



A política deveria ser um ótimo exemplo de como as pessoas se expressam através das suas ideologias, mas o que acontece quando essa ideologia é trocada por outra ideologia?

Isso é o que acontece quando um político troca de partido, ele é convertido a outra ideologia e seus então amigos passam a ser rivais e seus inimigos de ontem se tornam os amigos de hoje e os adversários de amanhã.

Com todo respeito, gostaria de contar a história política do Rio dos últimos 20 anos, pra mostrar melhor quem são os personagens dessa história tão previsível.



A matriz política do Rio de Janeiro(à dezembro) se materializa praticamente na figura do lendário Leonel Brizola, Brizola certa vez disse que era melhor pagar táxi para todos os habitantes do Rio de Janeiro que construir o metrô(ele disse mesmo), por causa disso o metrô do Rio de Janeiro é bem parecido com a visão de futuro de Leonel Brizola do PDT(limitada).

Brizola foi duas vezes  governador do Rio de 1982 a 1986 e de 1990 a 1994, também foi governador do Rio Grande do Sul e prefeito de Porto Alegre. Em 1989, por pouco não foi ao segundo turno contra Collor na eleição para presidente, se ele tivesse ido ao segundo turno ao invés de Lula, é quase certo que venceria Collor, pois Lula era muito radical na época. Em 1992, se recusou a apoiar o impeachment de Collor, mesmo quando os caras pintadas passaram na sua casa, ele pendurou uma bandeira brasileira de apoio à Collor, esse fato acabou com sua carreira política.  Leonel Brizola nunca foi bom em fazer alianças duradouras e felizes.



Brizola fez vários filhotes, três deles se deram bem na política, o primeiro Marcelo Alencar, que era presidente do Banerj na sua administração, foi pro PSDB e conseguiu ser prefeito e depois governador, virando a casaca contra o antigo parceiro.



Depois, em 1991, foi  a vez de César Maia, que era do grupo de Brizola se desentender com ele e ir pro PMDB e depois pro PFL, onde foi prefeito por 3 vezes.



Por último, Anthony Garotinho parecia ser o mais fiel à caricatura populista brizolista, mas com desentendimentos, saiu do PDT, e depois começou a passear por vários partidos, tendo se reentendido com Brizola no leito de morte. César Maia também se relacionava bem com ele no fim, mas nunca mais se guiou pela esquerda brizolista politicamente.



Em 1992, na eleição para prefeito do Rio, concorreu Cidinha Campos do PDT de Brizola, Benedita do PT e César Maia do PMDB , César Maia aparecia nem indo pro segundo turno, mas numa arrancada nos últimos dias de campanha chegou ao segundo turno e venceu o que seria seu primeiro mandato como prefeito do Rio.



Em 1994, Garotinho do PDT de Brizola e Marcelo Alencar do PSDB travaram uma batalha que chegou ao segundo turno com Alencar na frente e Garotinho crescendo, porém antes da eleição, Garotinho sofreu um acidente de carro e não teve como continuar atuando na campanha e indo aos debates, graças a esse acidente Garotinho teria perdido a eleição e  se convertido ao presbiterianismo, se tornando evangélico.



Na foto acima, as futuras desavenças juntas em 1996, César Maia, Solange, Conde, Indio da Costa e Eduardo Paes, lá no fundo.



Em 1996, foi a primeira eleição que acompanhei, ela foi decidida no segundo turno entre Conde do PFL e Sérgio Cabral do PSDB. Conde apoiado por César Maia, o então prefeito bem avaliado que não podia se reeleger, Conde venceu.



Em 1998, a disputa pelo governo do Estado ficou entre Anthony Garotinho do PDT de Brizola e César Maia do PFL, já era a segunda tentativa de Garotinho(a primeira como evangélico). Mesmo recebendo o apoio de Marcelo Alencar do PSDB, César Maia sofreu uma derrota que o isolaria politicamente pra dentro das fronteiras municipais. Não foi feliz em nenhuma eleição fora da cidade do Rio, mostrando ser o "rei do rio".



Em 2000, César Maia teve sorte ao ir pro PTB e enfrentar seu antigo amigo Luiz Paulo Conde do PFL, numa das eleições mais emocionantes e cheias de reviravoltas, César Maia mostrou porque é o prefeito com mais mandatos na cidade. Mesmo começando atrás, virou o jogo mostrando os erros de Conde no exercício da prefeitura.



Em 2002 para governador, um ano importante para o país politicamente, Garotinho que havia brigado com Brizola do PDT vai para o PSB e decide concorrer a presidente, colocando sua vice Benedita do PT no cargo por alguns meses. Na disputa estadual concorreu Benedita do PT, Rosinha do PSB(a mulher do Garotinho), Solange do PFL de César Maia e outros. Nessa eleição, Garotinho ficou em terceiro lugar pra presidente nacionalmente, porém Rosinha venceu no primeiro turno, vencendo em TODAS as cidades. Garotinho apoiou Lula do PT no segundo turno, uma aliança que não durou muito. Sérgio Cabral do PMDB, se elegeu senador, derrotando Brizola do PDT, que foi sepultado politicamente.



Em 2004 para prefeito, aconteceu uma eleição mais tranquila para César Maia do PFL, tendo enfrentado Crivella do PL e Conde do PMDB de Garotinho. César Maia se reelegeu pela primeira vez, no que seria seu último mandato como prefeito.



Em 2006, Garotinho, no PMDB, arquiteta mais uma tentativa para concorrer a presidente, porém, mesmo bem nas pesquisas, começa a sofrer ataques dos meios de comunicação, os quais a maioria se comprovaram falsos, e decide começar um dos atos mais idiotas da história, a greve de fome, que durou mais de uma semana.



Em 2006, Rosinha não podia se reeleger e estava muito mal avaliada, Garotinho decidiu levar seu antigo líder da câmara para concorrer à governador pelo PMDB, Sérgio Cabral. Denise Frossad do PPS foi apoiada por César Maia e Eduardo Paes(ex-aliado e ex-futuro genro de César Maia) do PSDB concorreu sem sucesso atacando veementemente Sérgio Cabral. Cabral foi eleito e abandonou o casal Garotinho assim que pôde (movimento considerado ´por nós do blog´ como correto).



No plano presidencial de 2006, Garotinho apoiou Alckmin no PSDB dessa vez, Lula do PT venceu mesmo com o mensalão nas costas.



Na disputa pela vaga ao Senado em 2006 ficou entre a deputada Jandira do PC do B e o dinossauro político Dornelles do PP. Jandira disparou na frente e tinha tudo pra se eleger se não fosse uma atitude deprimente que teve.



Igrejas Católica, no uso dos seus direitos democráticos lançaram uma cartilha alertando SEUS membros do perigo de votar em Jandira, sendo ela a favor da prática e da legalização do ABORTO(condenado pela igreja, considerado assassinato).



Vivemos numa democracia, podemos ter a opnião que quisermos, no entanto, Jandira, sabendo disso, entrou com uma ação contra a igreja católica contra a distribuição desses panfletos, ato imbecil, não se ataca a religião de mais da metade da população do Estado, foi tudo o que Dornelles precisava, com o apoio de Garotinho, ele agiu para explorar o máximo esse ato, não só entre católicos, mas principalmente entre evangélicos, garantindo uma virada súbita sem precedentes em que Dornelles se consagrou senador.



Na eleição pra presidente de 2006, a população do Rio mostrou mais uma vez que não gosta da dicotomia entre PT e PSDB, dando o segundo lugar à Heloisa Helena do PSOL. Lula ganhou no Rio.



Entre 2006 e 2008, o Rio passa por um de seus piores momentos, o governo federal de Lula do PT boicota verbas para o governo estadual do PMDB do casal Garotinho, e o governo municipal de César Maia do PFL troca acusações com os outros governos, essa desunião entre as três esferas de poder traz o caos à cidade. O povo clamava por união.



Em 2008 para prefeito, César Maia apóia Solange do DEM(antigo PFL), Crivella começa na frente nas pesquisas pelo PL, Eduardo Paes, dessa vez no PMDB de Sérgio Cabral começa em baixo nas pesquisas e Gabeira do PV começa bem mal.



Com o tempo, Paes ultrapassa Crivella e Gabeira cai nas graças do eleitorado escolarizado da zona sul e dos favoráveis às suas políticas liberais em relação às drogas. Na última semana antes da eleição, Crivella ainda aparecia indo pro segundo turno, o uso do voto útil do carioca fez com que a população visse com maus olhos o fato de um segundo turno com um candidato evangélico da igreja Universal( a mais rejeitada pela população) e optasse por levar ao segundo turno Gabeira contra Paes.



No segundo turno apertado, Gabeira encostou, Crivella falou que apoiaria quem adotasse suas políticas, Gabeira esnobou Crivella como se o eleitorado dele não existisse, Paes aceitou o apoio. Mesmo assim a eleição estava empatada. Sérgio Cabral decidiu decretar feriado facultativo na quinta-feira, enforcando na sexta-feira, fazendo com que a maioria da população com maior poder aquisitivo fosse viajar e Paes ganhou por menos de 1%. Golpe de mestre! Totalmente anti-ético da parte do Cabral, sem isso não saberíamos quem venceria.

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Em 2010, chegou a vez de Sérgio Cabral do PMDB concorrer à reeleição como governador. Garotinho do PR, estava empatado em muitas pesquisas, mas dessa vez, devido a uma entrevista que ele deu a sua mulher Rosinha anos antes, o TRE numa atitude no mínimo estranha começou a dar sinais que impugnaria sua candidatura como aconteceu em 2006.



Garotinho não entra pra perder, numa jogada arrojada de político profissional resolveu se candidatar a deputado federal, com o intuito de puxar votos para seu partido, algo que ele conseguiu puxando cerca de 10% dos votos do Estado, chegando em primeiro ou segundo em quase todo o interior do Estado.



Cabral, sem Garotinho por perto, não teve problemas e encarou Gabeira do PV e Peregrino do PR. O fato do eleitorado do Estado do Rio ser muito mais conservador que o da cidade do Rio garantiu que Gabeira  não poderia reproduzir o resultado de 2008, quando foi ao segundo turno para prefeito. Peregrino nas pesquisas não registrava o resultado que realmente teve no dia da eleição, os mesmos 10% que Garotinho teve pra deputado. Cabral venceu no primeiro turno com uma votação esmagadora.



No Senado, em 2010, a disputa foi acirrada, Picciani do PMDB de Cabral, Crivella do PRB apoiado por Lula(e nos últimos momentos por Garotinho, apoio sem o qual teria perdido), César Maia do DEM(único candidato de oposição  à Lula no Estado) e o prefeito de Nova Iguaçu Lindberg do PT de Lula e Dilma.



César Maia e Crivella avançaram na frente, mas tudo muito embolado até as semanas finais. Usando a poderosa máquina eleitoreira do PMDB, a equipe de Picciani teria começado uma onda de ataques a Crivella e começou a ganhar terreno. Lindberg foi o mais esperto, em sua propaganda deixou claro em pedir apenas o segundo voto das pessoas, uma vez que naquele ano seriam eleitos dois senadores. No final Lindberg saltou na frente dos demais numa arrancada impressionante e Crivella brigou voto a voto com Picciani para se reeleger.

Para presidente, mais uma vez, o povo do Rio mostrou sua preferência pelas terceiras-vias e deu uma grande votação para Marina Silva do PV, tendo vencido na cidade do Rio e em Campos e chegando em segundo lugar no Estado, só perdendo para Dilma do PT.



Graças ao apoio de César Maia do DEM, Indio da Costa foi escolhido vice na chapa derrotada de Serra do PSDB à presidência. Depois da derrota, Indio se desligou do barco derrotado oposicionista do DEM de César Maia e migrou para o PSD, pra fazer apoio ao PMDB de Cabral e Paes e ao "PT de Dilma"



Dessa vez, em 2012, concorreram a prefeito: Eduardo Paes do PMDB de Cabral, Marcelo Freixo do PSOL, Rodrigo Maia do Dem(apoiado por César Maia e Garotinho), Otavio Leite do PSDB e Aspasia do PV.



Com uma avaliação em alta, Eduardo Paes é favorito pra ganhar no primeiro turno, a máquina eleitoral do PMDB no Estado nunca foi tão forte, a maior coligação da história e 16 minutos de televisão.



Vendo a vitória do PMDB no Estado não houve outra opção para César Maia e Garotinho, tiveram de se unir contra o inimigo comum, apesar do passado de inimizade e de muitos ataques pessoais.



Para César Maia, um político em ostracismo, não havia muito a perder, ele foi derrotado anos seguidos em pleitos municipais e estaduais,  Garotinho precisava do tempo na TV do DEM para se candidatar a governador em 2014. Resolveram montar uma chapa com seus filhos Rodrigo Maia e Clarissa Garotinho(que no início foi contra a aliança) como vice. No entanto, a rejeição dos pais se passa para os filhos, inviabilizando a força da chapa.



Aspasia do PV veio tentando capitalizar na onda verde de 2008, mas sem o brilho de Gabeira. Otavio Leite(ex-vice prefeito no governo César Maia) do PSDB, veio para tentar reforçar o nome do partido no Estado, depois de tantos anos longe do espectro político.



O verdadeiro desafiante ao prefeito Eduardo Paes é Marcelo Freixo do PSOL, graças à um discurso de ética(que lembra o PT antes da eleição de Lula),  o apoio de vários artistas e a coligação que deu uma grande votação à Gabeira(jovens, ricos, escolarizados, seculares, moradores da zona-sul, favoráveis à liberação das drogas).



No entanto, nós do blog, temos a seguinte opnião de acordo com os números e a realidade: Eduardo Paes TENDE a ganhar no primeiro turno por vários motivos:

1- Paes arrecadou graças à máquina estatal, MUITO mais dinheiro que todos os outros juntos.

2- Nenhum dos outros candidatos, só Paes, tem alguma conexão popular, são candidatos que só vão disputar o eleitorado escolarizado entre si, mas nenhum deles roubará o voto dos pobres e humildes da zona norte e oeste, que votam em Paes.

3- Ninguém conhece Marcelo Freixo, ele é nome novo na política do Rio, os pobres não sabem quem ele é. 43% das pessoas sabem quem ele é.

4- Uma enorme rejeição na cidade à César Maia e Garotinho.

5- Freixo já disse que não aceitaria o apoio de César Maia e Garotinho, isso poderia custar a eleição num provável segundo turno.

6- O bom governo de Eduardo Paes, apesar das denúncias de corrupção, as pessoas acreditam que a cidade esta no caminho certo.

Nós do blog, estamos torcendo pra Freixo ir pro segundo turno, mas pelos números de hoje, isso é improvável. O fraco desempenho de Rodrigo Maia na zona Oeste (onde Garotinho é mais forte na cidade) o impede de roubar votos de Paes e de deixar Freixo ir ao segundo turno. Acreditamos que isso pode mudar na reta final.

Previsão do Blog: 50% PAES, 25% FREIXO, 11% MAIA, 6% OTAVIO, 5% ASPASIA, 3% OUTROS.

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