quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

EUVÍ: COPLAND (1997)



Outro dia fui surpreendido enquanto ia a um lugar, um homem com uma arma me abordou e começou a fazer perguntas constrangedoras e ameaçadoras para mim apontando um fuzil para os meus pés com a voz agressiva.


Era um policial. Falando em policiais, vou falar hoje de um filme de policiais. Existem policiais bons e policiais maus, assim como atores bons e atores maus. Existem policiais bons em situações ruins e policiais ruins em situações boas. Existem atores bons em filmes ruins e, bem você sabe o resto. Stallone como policial bonachão, De Niro como corregedor sínico, Harvey Keitel como policial corrupto e Ray Liotta como policial drogado, além de vários atores de seriados de máfia como Sopranos, tinha tudo para ser um excelente filme de Martin Scorcese. Mas não é. Em 1976, dois filmes foram lançados, Rocky, O lutador e Taxi Driver, dois belíssimos filmes com dois atores bem diferentes, num havia Stallone, um ator pífio no melhor filme de sua carreira, no outro De Niro, um gênio, no melhor filme de sua carreira. Isso foi preciso para que Rocky, ganhasse o Oscar e Taxi Driver saísse de mãos vazias. Anos mais tarde foi a vez de De Niro interpretar um boxeador no filme Touro Indomável, no filme Jake La Motta faz Rocky Balboa parecer uma menininha. Em 1997, finalmente esses dois montros (com sentido diferentes) se reuniram para filmar COPLAND, Stallone era o protagonista. John Travolta, Tom Hanks, e Tom Cruise foram a primeira opção para o papel de Stallone, aceitar papéis rejeitados por Cruise e Travolta não é um bom sinal. Quando viu que Travolta rejeitou o papel Stallone voou em cima do roteiro, não queria perder a oportunidade de atuar com toda aquela galera, Stallone engordou e aceitou atuar quase de graça. É óbvio que sua entrada mudou o filme inteiro, o personagem teve de ficar mais lento. Até o final foi mudado. Stallone disse que seus fãs queriam ver ele como um policial violento que matasse a todos, como Cobra(1986), por causa disso o final do filme foi mudado para ter alguma ação. Stallone também reclamou, pois falou que seus fãs não queriam vê-lo conversar. Confesso que é muito estranho ver De Niro e Stallone atuando juntos, jamais pensei que isso poderia acontecer, é como ver um homem atuando com um macaco. História: Nos anos 80, policiais de Nova York resolvem comprar casas de um bairro em Nova Jersey, cidade vizinha. Lá, fora de sua cidade, criariam um bairro de policiais, COPLAND. Stallone interpreta o xerife da cidade, um homem marcado pela frustração e pela solidão. Quando jovem, salvou uma menina de se afogar e ficou surdo de um ouvido. Por causa disso não pode ser policial em Nova York. A menina cresceu e se casou com um tira de Nova York e até hoje ele é infeliz por não estarem juntos. Stallone recebe de mão beijada um papel cheio de carga da dramática que seria mais do que suficiente para dar o Oscar a qualquer ator, qualquer ator menos Stallone. Todos os atores do filme atuam muito bem, com exceção de Stallone, tudo bem que essa foi a melhor atuação dramática de sua carreira depois de Rocky, ele parece realmente ter se esforçado muito e dado o máximo de si. Inclusive engordou para o papel. Mas tal sacrifício não vence seu nível de atuação risível e limitado. Se fosse outro ator o filme ganharia uma outra cara. O plot do filme é simples.Um policial que matou dois inocentes em Nova York pula de um ponte e finge estar morto e é acobertado por seus amigos que o escondem em Copland para que ele não dedure ninguém se for preso. De Niro é escalado para o caso, precisa achar o corpo desse policial, o problema é que todos os suspeitos de escondê-lo moram em Nova Jersey, fora de sua jurisdição. Para isso ele precisa da ajuda do xerife Stallone para achar o cara e prender os envolvidos. O problema é que todos os moradores, que são policiais, do bairro estão no meio de algum esquema e seria necessário prender o bairro inteiro para resolver o caso. Harvey Keitel, o líder dos policiais que está envolvido com a máfia decide mexer seus pauzinhos e oferece a Stallone uma vaga na polícia de Nova York se ele ficar na dele. O roteiro se consiste nisso, tira contra tira, bad cop x bad cop, não existem mafiosos, criminosos ou serial killers, apenas homens com destintivos, sem clichês como parceiros como problemas de relacionamento, ninguém entrega pro comissário a arma e o destintivo ou coisa parecida. Daí um conflito começa, a justiça ou o emprego dos sonhos? Ai você pensa: tanto faz, é exatamente o que ele fez. Stallone é o retrato de um homem lesado, passivo e retardado que demora pra se decidir e o caso é encerrado e ele perde a chance de ter o que sempre quis. Harvey Keitel que estava escondendo o tal cara, vendo que ia se ferrar resolve matá-lo uma vez que para todos os efeitos ele já estava morto. Falha e o cara foge. Stallone resolve achá-lo e entregá-lo à De Niro. Essa é a melhor cena. De Niro confronta Stallone comendo um sanduíche dizendo que o caso estava encerrado e que Stallone perdeu sua chance. Stallone fica com cara de abobado. O sanduíche foi improvisado por De Niro, aliás, essa foi a primeira cena do filme a ser filmada, De Niro estava filmando JACK BROWN e não tinha tempo para gravar. É como se ele estivesse nem aí pra atuar com o Sly. É vergonhoso ver a diferença de atuação entre um ator que é convincente num personagem aparentemente real e um ator que finge ser uma pessoa. Stallone mata todo mundo e entrega o cara pro De Niro. O filme acaba. Apesar de tudo, pessoalmente sou um entusiasta do cinema Stallone e acho esse filme uma prova de que ele tem seu valor. Stallone nunca mais fez filmes dramáticos. Mas há um roteiro para fazer um filme de boxe com De Niro, no filme dois lutadores aposentados voltam aos ringues para um confronto final. Na atuação já sabemos quem vai ganhar: De Niro.

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