domingo, 28 de outubro de 2012

EUVÍ: E se o Brasil escolhesse o presidente igual aos Estados Unidos, pelo colégio eleitoral

O Brasil e os Estados Unidos possuem uma coisa em comum, ambos são uma federação. A diferença é que os Estados Unidos é uma federação de verdade e os Estados realmente tem mais autonomia, por isso seriam os estados os responsáveis pela escolha do líder dos "estados unidos".

Nos Estados Unidos, o presidente é eleito por um colégio eleitoral formado pelos delegados que cada estado possui. Estados mais populosos possuem mais delegados e quem vence o estado leva todos os seus delegados. Dos 538 delegados, quem chega aos 270 já é consagrado presidente.

O candidato nem precisa de maioria simples para levar todos os delegados de um estado, basta ele ser o detentor de mais votos, podendo obter os delegados mesmo sem possuir a maioria simples na votação. EX: 2010-DF: Marina 40, Dilma 35, Serra 24; Marina levaria todos os delegados mesmo sem ter maioria simples.

Esse método é muito criticado por permitir que um candidato perca no voto popular e ganhe no colégio eleitoral.

Uma outra diferença é que nos Estados Unidos o voto é facultativo, deixando os despolitizados fora do jogo político.

Se o Brasil escolhesse seu presidente da mesma forma que os Estados Unidos, teria que dar um número de delegados a cada estado proporcional a sua população, outro fator para definir o número de delegados que um estado possui é que ele deve possuir 3 delegados no mínimo. Sendo assim, cada estado ficaria com o número de delegados mostrados abaixo. O estado São Paulo sozinho deteria 112 delegados dos 538 possíveis.











































































































































































estadoproporçãocolégiocolégio eleitoral ajustados
 São Paulo21,60%116,208112
 Minas Gerais10,30%55,41455
 Rio de Janeiro8,40%45,19245
 Bahia7,30%39,27439
 Rio Grande do Sul5,60%30,12830
 Paraná5,50%29,5930
 Pernambuco4,60%24,74825
 Ceará4,40%23,67224
 Pará4,00%21,5221
 Maranhão3,40%18,29218
 Santa Catarina3,30%17,75418
 Goiás3,10%16,67817
 Paraíba2,00%10,7611
 Amazonas1,80%9,68410
 Espírito Santo1,80%9,68410
 Rio Grande do Norte1,70%9,1469
 Alagoas1,60%8,6089
 Piauí1,60%8,6089
 Mato Grosso1,60%8,6089
 Distrito Federal1,30%6,9947
 Mato Grosso do Sul1,30%6,9947
 Sergipe1,10%5,9186
 Rondônia0,80%4,3044
 Tocantins0,70%3,7664
 Acre0,40%2,1523
 Amapá0,40%2,1523
 Roraima0,20%1,0763

Tendo o número de delegados que cada estado possui, vamos colocar em prática o sistema para todas as nossas eleições presidenciais passadas e assim verificarmos se ele produziria alguma mudança no resultado de alguma eleição.

Eleição 1989


Na eleição de 1989, no primeiro turno, Brizola teria 75 delegados, Lula teria 98 e Collor teria 365.



Já no segundo turno, os Estados que votaram em Brizola foram pra Lula que ficou com 173, Collor manteria os 365.

Eleições 1994


Na eleição de 1994, no primeiro e único turno  Lula obteria 37 do Distrito Federal e do Rio Grande do Sul. Fernando Henrique Cardoso venceria de lavada com 501 dos 538 delegados.



Como pode ser visto no mapa acima, Fernando Henrique pintou o mapa todo de azul, mostrando a força do tucano na eleição de 1994.

Eleição de 1998


Em 1998, Ciro Gomes obteria 24 delegados de  seu  estado, o Ceará. Lula teria 75 delegados do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro. Fernando Henrique mostraria sua força mais uma vez somando 439 delegados.



O mapa da eleição de 1998 denuncia mais um oceano azul permeando todo o Brasil com exceção do Sul e do Ceará.

Eleição de 2002


No primeiro turno de 2002, Garotinho teria 45 delegados do Rio de Janeiro, Ciro Gomes teria 24 delegados do Ceará, Serra teria 9 delegados de Alagoas. Os outros 460 delegados seriam de Lula.



No primeiro turno podemos analisar que Ciro Gomes foi bem em outros estados do Nordeste e Garotinho foi bem na região Norte.



No segundo turno, apenar do mapa colorido, veríamos a maior lavada em relação ao colégio eleitoral, tendo Serra obtido somente 9 delegados e Lula 529 dos 538 delegados.

Eleição 2006


A eleição de 2006 foi logo após o escândalo do mensalão, teria sido a mais acirrada no colégio eleitoral.

No primeiro turno Geraldo Alckmin obteria íncriveis 240 delegados contra 298 delegados de Lula. Sendo suficiente para que ele obtesse a maioria no colégio eleitoral teria que ter vencido na Bahia ou em Minas Gerais.

No segundo turno a bola de Alckmin baixa e ele ficaria só com 209, contra 329 de Lula.



O Primeiro turno desenharia um mapa traçando uma divisão Norte x Sul entre o eleitorado petista e tucano.



O segundo turno mostrou um avanço petista não só no voto popular, mas também nas regiões do mapa, comprovando que conforme a eleição dá o mínimo de vantagem para um candidato, essa pequena vantagem já seria o suficiente para dar ao vencedor mais de 270 delegados no colégio eleitoral.

Eleição de 2010



No primeiro turno de 2010, Marina Silva teria 7 delegados, Serra teria 196 delegados e Dilma teria 345 delegados.

No segundo turno, Serra obteria 219 delegados contra 319 delegados de Dilma. Vale lembrar que se Serra tivesse obtido os 55 delegados de Minas Gerais, ele teria obtido a maioria no colégio eleitoral.



A peculiaridade desse mapa seria a vitória e o bom desempenho de Marina Silva nos grandes centros urbanos de Minas Gerais, do Distrito Federal e do Rio de Janeiro.


Mais uma vez um mapa bem colorido que mostra a existência de duas nações, uma que paga e outra que recebe os impostos.


Conclusão
Podemos concluir que o modelo de colégio eleitoral, apesar de falho, tende a produzir o mesmo resultado do voto popular. O caso mais favorável a uma discrepancia ocorreu em 2006, quando a diferença de 7 pontos no voto popular produziu uma diferença de 58 delegados no colégio eleitoral.


As campanhas políticas hoje são caras e trabalhosas porque os candidatos tem que correr todo o Brasil para conseguir o máximo de votos, priorizando as grandes capitais.
Ademais, se o modelo fosse imposto, seria mais difícil de prever o resultado da eleição, pois os institutos de pesquisa teriam que fazer pesquisas nos 27 estados da federação. A eleição seria muito mais emocionante, pois o resultado em apenas um estado poderia mudar tudo. As pessoas.


Se o modelo do colégio eleitoral fosse implementado, as campanhas seriam mais baratas e o nordeste ficaria irrelevante, uma vez que seus delegados seriam assegurados pelo PT, fazendo com que os tucanos tentassem obter a maioria em no Sul e Sudeste.


O colégio eleitoral também seria uma ótima forma de uma candidata sem recurso como Marina Silva ser mais bem sucedida, pois se ela só precisaria vencer nos 5 estados mais populosos para obter 270 delegados, e se levarmos em consideração que existiriam pelo menos mais 2 partidos disputando a eleição, seria possível vencer com  menos de 270 delegados.


Como São Paulo teria 112 delegados e os estados do nordeste teriam juntos 150 delegados, o principal alvo das campanhas seria Minas Gerais. Nenhum candidato à presidência venceu sem ter ganho em Minas Gerais, além do mais, se analisarmos os resultados no país e em Minas veremos que o estado sintetizaria um pouco da realidade política da nação.


Nunca um candidato venceu no país sem ter vencido por maior proporção em Minas Gerais. Em 2010, Dilma venceu no país por 56% e venceu em Minas por 58%.



Previsão para 2014


Se o colégio eleitoral fosse implementado para as eleições de 2014, ou mesmo que não seja, imagino que se candidatarão Dilma do PT, Aécio Neves do PSDB, Marina Silva do P? e talvez Eduardo Campos do PSB.


Levando em consideração as tendências históricas de alinhamento dos estados de acordo com as últimas eleições, imagino que se Marina vencesse no Rio de Janeiro e Distrito Federal; Eduardo Campos vencesse em Pernambuco e Ceará e Aécio vencesse em Minas e na maioria dos estados das regiões sul-sudeste, isso já seria o suficiente pra dar muita dor de cabeça para a companheira Dilma.



Mas ainda bem que no Brasil, o voto é bem direto né.


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