domingo, 13 de janeiro de 2013

EUVÍ: Em "defesa" do Big Brother Brasil


Todo ano o Brasil para em frente os aparelhos televisivos para assistir o Big Brother Brasil, também chamado carinhosamente de BBB. O programa onde homens musculosos e mulheres voluptuosas são trancados num lugar onde têm suas intimidades expostas e disputam o prêmio de 2 milhão de reais. Assim como na vida real, o microcosmo de sociedade do programa tem como o prêmio o dinheiro e a materialidade impera no programa. Por falar em programa, muitas das garotas que participam do programa ganham um prêmio muito maior após o término do programa, quando recebem uma boa soma de dinheiro para venderem seus corpos estampando capas de obscenas revistas sensuais.

O BBB consegue ainda criar uma nova classe de subcelebridade, chamada de ex-BBB. O ex-BBB geralmente vai à festas em troca de dinheiro, e não raras vezes, acaba atacando de DJ em baladas nos lugares mais remotos do país. Muitos dos participantes usam seus 15 minutos de fama para posarem nus, se aventurarem como atores, se tornarem apresentadores e etc; outros apenas desperdiçam suas famas repentinas e acabam se tornando mais desconhecidos do que antes do programa, podendo eventualmente passar despercebidos por todos nós.



Pedro Bial, o atual apresentador do reality show, uma vez já foi o mais importante correspondente internacional do jornalismo da rede Globo, tendo inclusive sido o jornalista a reportar a queda do Muro de Berlin. Infelizmente, hoje Pedro Bial reporta informações infinitamente menos relevantes, como é o caso das baixarias que acontecem por trás do Muro do BBB. Se quando o Muro de Berlin foi derrubado o mundo viu milhões de pessoas se libertaram de um regime opressor que reprimia todas as liberdades, quando o Muro do BBB foi levantado milhares de brasileiros se esforçaram para serem presos atrás de muros onde a liberdade de privacidade também não existe.

Se na Queda do Muro de Berlin o mundo viu a derrocada de um comunismo que suprimia direitos, na subida dos muros do BBB os participantes em troca do capitalista prêmio de 2 milhões de reais resolvem abrir mão de forma desumana de seus próprios direitos de privacidade. Se no famigerado regime socialista havia um ditador que muitas vezes era responsável pela morte de milhões de pessoas nos paredões, no Big Brother Brasil são milhões de pessoas que assumem o papel de pequenos ditadores ao escolher quem serão os  eliminados no temível paredão do programa.

[caption id="" align="aligncenter" width="575"] Programa ofereceu álcool em excesso a uma participante e não interviu quando outro participante resolveu se aproveitar dela para aliviar a sua vontade sexual enquanto ela estava inconsciente - ato conhecido como estupro de vulnerável. Agora até o público está vulnerável a ver esse tipo de situação no horário nobre.[/caption]

Se no regime comunista existia a crença de que todos deveriam ter direito aos recursos mínimos de subsistência, no BBB o público prática um louvável filantropismo ao ajudar um dos participantes a se tornar um novo milionário. Dessa forma, o próprio público bemfeitor do Big Brother pratica um majestoso ato de caridade ao colaborar para a riqueza de outra pessoa. Esse ato de extremo altruísmo denota o quão bondoso o povo brasileiro ainda é, sendo capaz de emprestar parte preciosa de seu tempo no horário nobre torcendo e votando para que outra pessoa receba um prêmio muito mais do que não merecido, uma vez que um trabalhador comum jamais conseguirá arrecadar 2 milhões de reais no decorrer de toda a sua carreira.

Pedro Bial muitas vezes já chegou a chamar os participantes do programa de heróis. É de se admirar que brasileiros - que muitas vezes passam o dia inteiro trabalhando igual a animais - fiquem animados para chegar em casa após o trabalho para assistir pessoas que não trabalharam serem eloquentemente chamadas de heróis. Bial deve ter mudado um pouco seus conceitos sobre o que é de fato um herói, uma vez que já teve a oportunidade de ver com os próprios olhos os verdadeiros heróis que eram os sobreviventes do regime socialista da Alemanha Oriental.



O BBB é rotulado como reality show, porém a realidade que o programa exibe não passa de uma irrealidade para a imensa maioria da população brasileira, que assiste excitada aos acontecimentos manipulados e pela edição seletiva dos fatos que ocorrem no show de horrores que lá existem. Bundas, peitos e barrigas saradas são os colírios que recheiam um programa que nunca possuiu o caráter de experimento social sério que deveria ter, pois em nada consegue reproduzir o mundo que existe fora dos muros do BBB. Logo, o BBB é um reality show que escolhe as verdades que vai apresentar e as verdades que irá esconder - a começar pela escolha dos participantes.

O Big Brother é um dos maiores propagadores dos valores liberais. O programa denota a enorme secularização e futilidade da mocidade brasileira. Conversas elevadas e intelectualizadas sobre filosofia, religião e política são raríssimas, mas debates sobre os assuntos mais rasteiros se arrastam noite a dentro. Os homens e mulheres parecem ocupar o tempo deles no culto ao corpo, seja malhando na academia ou pegando um bronzeado na piscina.



O programa se consiste num amontoado de baixarias, onde cenas de sexo explícito, atos de masturbação, consumo excessivo de bebidas incentivados pela produção, apologia ao voyeurismo e exibição de gestos obscenos são transmitidos para perseguir de qualquer forma a audiência desejada. Até um estupro já aconteceu no programa. A cada edição o programa apela cada vez mais para a baixaria para tentar segurar uma audiência em franca decadência. No passado, ouve até um participante que protagonizou um filme de sexo explícito depois de sair do programa em troca de dinheiro, mas atualmente já ouve uma mulher que durante o programa fez sexo com três pessoas de graça. Sempre escutei que a pior prostitura é a que nada cobra.

Hoje há quem diga que o BBB é o expoente máximo da cultura nacioanal, sendo a casa do Big Brother um templo da cultura. Quando tudo se torna cultura a primeira consequência é que nada se torna cultura. O BBB é a evidência que o Brasil fica mais pobre e tem seus valores invertidos a cada ano. Conforme o passar dos anos, a imoralidade passa a ser propagada como ápice da expressão sincera da humanidade, enquanto a moralidade tradicional passa a ser vista como sinal de hipocrisia e estranheza. Não é de se assustar que nesse caminho o Big Brother Brasil torne menor o Brasil. Assistir a inversão dos valores mais confiáveis da nossa cultura não é nada mais do que o mais puro aborto da natureza. Se bem que atualmente, vivemos em dias tão liberais que até a natureza possui um "direito" de abortar.

[caption id="" align="aligncenter" width="550"] Participante bêbada devido ao álcool colocado à disposição pela produção do programa. É como o povo que é colocado a disposição de lixo e já se mostra embriagado do chorume apresentado pelo programa.[/caption]

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