quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

EUVÍ: Zeca Pagodinho, o herói do povão


Enquanto as autoridades públicas ainda estão estudando como ajudarão as centenas de pessoas desabrigadas pelas fortes chuvas que atingiram Xerém, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, organizações civis arregaçam as mangas, a exemplo do cantor e filantropo Zeca Pagodinho - um dos primeiros a ajudar as vítimas. Enquanto políticos corruptos de Duque de Caxias estavam em suas mansões comendo caviar, o benfeitor Zeca Pagodinho arregassou as mangas para ajudar seus próximos. Enquanto o governador Sérgio Cabral deveria estar "fechando algum negócio" em Paris, muitos de seus eleitores estavam se esforçando para ajudar seus vizinhos.

Na Primeira Igreja Batista de Xerém, onde doações estão sendo arrecadadas, o exemplo do artista é motivo de orgulho. "A ajuda de Zeca Pagodinho e dos seus amigos e família foi fundamental. Eles chegaram antes do poder público e deram os primeiros socorros às pessoas que tinham acabado de perder tudo", conta o pastor . A família do cantor continua ajudando os desabrigados, organizando as doações na igreja juntamente com amigos e empresários. "Conseguimos montar uma estrutura como o que temos aqui, oferecendo cerca de 1,5 mil refeições por dia para as pessoas", disse o pastor.

As chuvas e as tragédias não são novidades na baixada. Em janeiro de 2011, a baixada fluminense enfrentou a maior tragédia climática da história do Brasil. Foram 918 mortos e mais de 215 desaparecidos após as fortes chuvas que atingiram sete municípios da região. As cidades mais atingidas foram Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis, Bom Jardim, Areal, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto. No ano anterior, em 2010, uma série de deslizamento deixou 30 mortos em Angra dos Reis nas primeiras horas do dia 1º de janeiro. O deslizamento de uma encosta atingiu uma pousada e sete casas na Ilha Grande, matando pelo menos 19 pessoas. No continente, 11 pessoas morreram em outro desmoronamento.

[caption id="" align="aligncenter" width="379"] A imagem do malandro carioca.[/caption]

A chuva pode ter feito que muitos perdessem tudo o que tinham, mas ela foi capaz de fazer com que a população da baixada desse um exemplo de união e de autruísmo que surpreendeu a muitos. Zeca Pagodinho, devoto de Ogum, nem pestanejou antes de sair com seu quadriciclopara desde as 6 horas da manhã para socorrer as pobres vítimas de Xerém, bairro com alta concentração evangélica. Até as igrejas evangélicas, tão malvistas pela nossa sociedade, fizeram sua obrigação e cederam seus espaços para ajudar a todas as vitímas, não importando os seus credos. A tragédia conseguiu expor que no momento de necessidade o brasileiro não vê credo, mas se utiliza deste para libertar o que há de melhor dentro dele, a solidariedade.

Zeca Pagodinho é o exemplo de um tipo de uma bondade típica do cidadão brasileiro. Ele é um homem de fé espirituoso e caridoso, porém cai no erro de ser ingênuo em demasiado. "Me dá nojo de político" disse o pagodeiro em uma entrevista depois dos últimos acontecimentos. Infelizmente, Zeca, assim como muitos cariocas, não esconde o nojo que tem dos políticos, porém ele mesmo em outras oportunidades não se constrangeu de apoiar Sérgio Cabral nas últimas eleições. O brasileiro é como Zeca Pagodinho, capaz de se tornar um herói quando acontece uma tragédia, porém sempre pronto a se tornar um capanga quando apoia e vota em vilões de quatro em quatro anos.

[caption id="" align="aligncenter" width="580"] Pagodinho virou meme na internet.[/caption]

Zeca ainda fez doações para os desabrigados e não fez muita questão de aparecer para mídia, que logo aproveitou seu ato para noticiar de forma sensasionalista o ato heróico de um artista para com cidadãos comuns. Zeca com seu quadriciclo no meio das ruas alagadas e eslameadas de Xerém mais parecia um cavaleiro em uma cavalo branco trazendo socorro para os necessitados. O cantor mostrou grandeza por ter a coragem de lançar mão de seu conforto para estender a mão para muitos que ele mal conhecia.

O mais deprimente foi a aparição midiática do governador Sérgio Cabral, que mais uma vez não perdeu uma oportunidade de não fazer o que foi pago e eleito para fazer. O governador não escondeu sua cara de desprezo para com o sofrimento dos pobres que ali estavam e assim que pôde fez questão de sair dali para não ser questionado por perguntas encômodas. É claro, ele não poderia nem usar o pretexto de que foi "pêgo de surpresa" pela chuva.

[caption id="" align="aligncenter" width="956"] Cabral, sempre em sintonia com o que acontece.[/caption]

 

Sérgio Cabral é prova viva de que a maior tragédia que aconteceu com Xerém não foram as chuvas provocadas pela natureza, mas a eleição de políticos corruptos provocada pelo voto do próprio povo. Não é preciso raciocinar muito para perceber que políticos bandidos são capazes de causar um estrago muito maior do que os causados por essas chuvas de início de ano.

No entanto, aposto que quando chegar a época da eleição Zeca irá novamente se levantar para apoiar os Cabraus e as Dilmas, assim se esquecendo do nojo que diz sentir atualmente. Zeca Pagodinho pode até ter demonstrado seu bom mocismo com seu ato de socorro às vítimas, mas infelizmente ele não é inocente da eleição dos mesmos políticos que deveriam ter evitado a tragédia que ele hoje está tentando remediar. Ele, como muitos de nós, também possui um pouco de culpa por esse acontecimento por ter apoiado aqueles que hoje o fizeram sentir nojo. Mas pelo menos Pagodinho, inconscientemente, consegue se redimir de seu erro com um ato louvável.

[caption id="" align="aligncenter" width="652"] A mídia usou como pôde a imagem de Pagodinho de forma sensacionalista.[/caption]

Pagodinho só não conseguiu se redimir completamente porque seu sentimento em relação à política não deveria ser o nojo, mas sim o arrependimento. Ele deveria se mostrar arrependido de ter confiado seu apoio àqueles que nada fizeram para previnir o flagelo do povo de Xerém. O famoso pagodeiro, que em suas letras exibe os traços mais genuínos da malandragem carioca, mostrou que é um pobre inocente comparado com a malandragem dos políticos que ele apoiou - malandragem esta que mal poderia caber numa letra de um de seus pagodes mais criativos.

O brasileiro é como Pagodinho, sempre disposto a apoiar malandros que futuramente irão fazer de tudo para sacanear o povo de todas as formas possíveis. No final das contas, Pagodinho faz parte de um pagode que de pagodinho não tem nada. Pode ser um pagode ruim e triste, mas infelizmente é um pagode real.

 

2 comentários:

  1. Vai ficar difícil remediar tudo que vem por aí por parte da natureza. São anso e mais anso de degradação, nem que Cabral tenha a melhor das intenções.

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  2. parabens pela sua atitude ser uma pssoa famosa nao é ser melhor que ninguem vc sabe disso muitos deveriam ser assim pois pela fama pensam só em si tu mostrou ser diferente és especial deus te abençoe nao tem preço ;ter com que ajudar e ajudar

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