sexta-feira, 31 de maio de 2013

Comentário da semana: Datena, Feliciano, homofobia, analfabetismo funcional e sadomasoquismo



Gênesis

Desde  que comecei a escrever nesse blog (em outubro de 2012), sempre me acostumei a escrever sem ter que me preocupar com comentários, pois a audiência era ínfima. Porém, com o passar do tempo, o google foi direcionando cada vez mais pessoas para caírem nesse reduto da esgotosfera. É estranho escrever sem ter a mínima ideia de quem te acompanha todos os dias. Segundo as estatísticas, hoje apenas 117 pessoas passam aqui todo o dia.

Caridoso google

Isso é bem pouco se comparado com a visitação diária. Isso prova que a maioria das pessoas chega aqui por acaso, dá uma olhada, não gosta do que lê e nunca mais volta. Isso é excelente. Eu também faço isso. O problema é o tipo de pessoas que chegam aqui. Por algum motivo inexplicável, nos termos do motor de busca encontram-se termos bizarros como "videos de sexo gay" e "c* de gays". Não sei como quem escreve isso no google vem parar aqui.

Ascenção e queda

Nos primeiros 3 meses não recebi um comentário sequer. A partir de 2012 fiz um post histórico que me lançou a outras dimensões. Um colunista da Veja fez uma coluna comparando os homossexuais com cabras. Pensei que não haveria problema algum em escrever um texto despretencioso sobre o tema. Em pouco tempo, descobri porque ninguém havia escrito sobre aquilo.

Visitação nobre

Na época, o blog tinha miseráveis 100 visitas por dia e 0 comentários. Acordei e resolvi abrir o wordpress, quando me assustei com a visitação altíssima para os meus parâmetros (um pouco menor do que a que eu tenho hoje). Meu post chegou em segundo lugar no Top Posts do Wordpress naquele dia e por isso recebi excelentes comentários, entre eles o primeiro comentário ignorante (Jesus é homofóbico), que partiu de um ateu que depois viria a comentar todos os meus posts sem os ler.

Primeiro fui chateado por esse ateus, mas logo depois vieram crentes, adventistas, feministas, petistas, ativistas gays e etc.

Dúvida mortal

Sinceramente, nunca entendi o que faz uma pessoa entrar todos os dias num blog que tem um conteúdo exatamente oposto ao seus. Porém, o comentário da semana de hoje elucida um pouco essa minha dúvida.

Comentário do post http://acidblacknerd.wordpress.com/2013/05/29/datena-ataca-marco-feliciano-e-afirma-que-ele-teria-causado-a-morte-de-um-jovem-homossexual-dentro-do-banheiro-de-uma-boate-gay/

29/05/2013 @ 10:24 [Editar]

Sou de entrar pouco aqui nesses comentários. E quase sempre sou tolerante com toda sorte de divergência ou estupidez escrita aqui. Mas hoje, para não apagar toda estupidez publicada aqui e que minimiza os assassinatos motivados por homofobia a partir de “argumentos” constrangedores de tão homofóbicos, tive que deixar este contraponto. Um imbecil que fala do que não sabe e que afirma bobagens como se verdades científicas fossem para não admitir a violência que se abate sobre os homossexuais, um imbecil desses, mesmo apelando a um identidade também estigmatizada (e a prova de que não basta se ser alvo de preconceito para se tornar sensível ao preconceito que atinge o outro é o fato de muitos nordestinos serem homofóbicos, incluindo nestes um numero não pequeno de mulheres, que, por sua vez são vítimas do machismo), um imbecil que faz isso é incapaz de sentir compaixão diante da dor do outro.

Quem nunca perdeu um amigo para a violência cruel homofóbica ou não viu a mãe de um deles urrar de dor pela humilhação e morte do filho querido, pode vir aqui escrever estupidez e afirmar que homofobia não existe. Não sei quanto tempo durará minha paciência com essa gente estúpida (gente hipócrita!) se as pessoas de bem que estão nessa página não tiverem, por hábito, rechaça-las, ridiculariza-las ou desmenti-las aqui. Não sei se vou fazer, de meu espaço, muro para a estupidez e a maldade de gente ruim, entraves ao crescimento espiritual da humanidade; gente careta e covarde… Chegará a hora em que não terei escolha, careta covarde e homofóbico: vou descartá-lo!

***

Direiro de Resposta:

Esse é sem dúvida, o comentário mais rico que já li aqui, não porque ele seja inteligente, bem escrito ou coerente, mas porque ele sana um pouco das minhas dúvidas sobre o perfil de alguns visitantes do blog. Evidentemente, você deve ter reparado que o conteúdo desse blog é extremamente ácido e polêmico, destoando em muito do que é considerável normal no espectro ideológico da internet.

Um outro fator importante é que eu cometo muitíssimos erros de português e depois de escrever rapidamente um post, nem eu leio o que escrevi. Por isso creio que ninguém volta aqui esperando ler um cronista de mão cheia. Outra coisa bizarra é que tenho opiniões bem exóticas. Nunca conheci ninguém que tenha comentado em mais de 2 comentários que não tenha se mostrado indignação em pelo menos um deles.

O que o comentário da semana de hoje mostra é que tem gente que entra aqui todos os dias por puro sadomasoquismo. A pessoa diz que é tolerante com as besteiras que eu escrevo(o que dá a ideia que ela vem me lendo a algum tempo). Eu cortei algumas partes do comentário dela em que ela falava mal do meu português. Isso prova que as incoerências dos meus textos não são impedimento para que pessoas os leiam.

Algo bem interessante é que o conteúdo desse comentário é extremamente maluco. A pessoa me julga por menosprezar a morte de um gay (coisa que eu nunca fiz). Isso mostra que ela já começou a ler o texto com preconceito e interpretou da pior forma possível todas as minhas frases para confirmar a noção de mim que ela já tinha na cabeça dela. O resto do comentário se consiste em xingamentos a minha pessoa e a pura viagem da parte da autora. Como sou adulto, não resolvi responder as ofensas e publiquei o comentário, pois a pessoa ofendida que ela descreve em seu comentário só existe dentro da cabeça dela. Não dá para ficar triste quando te julgam de coisas tão inconcebíveis.

Se ao escrever um texto eu gasto 5 ou 10 minutos num dia, eu sei que um esforço bem maior faz quem tenta decifrar o que escrevo. Não dá para ficar com raiva de quem se esmera tanto para se alimentar dessa fonte do "saber". Pelo menos agora eu sei que se não escrevo bem, tem gente que sabe ler ainda pior.

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