quinta-feira, 18 de abril de 2013

EUVÍ: Ensino religioso nas escolas - uma questão privada


Sempre fui terminantemente contra o ensino religioso nas escolas e até pouco tempo atrás não me imaginava escrevendo o que vou escrever. Tive a oportunidade de estudar tanto no sistema público como no privado e sempre me mantive firme na minha ideologia, mas depois de ler sobre o tema resolvi mudar de opinião.

Eu sempre fui contrário ao sistema religioso nas escolas porque sempre achei que a instituição do ensino religioso consistiria muitas vezes numa aula sobre ateísmo. Explico. Quando estudante, muitas vezes vi professores comunistas fazerem declarações irreligiosas, principalmente no ensino de matérias humanas, o que na faculdade nem é mais uma novidade.

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Infelizmente, apenas um idiota não admite que existe doutrinação ideológica nas nossas escolas. Doutrinação esta que até o autor desse texto foi vítima. Quantas vezes meus professores demonizaram os Estados Unidos e exibiram vídeos partidários que moldaram parte do meu caráter. Me recordo de uma professora minha ter exibido um vídeo do PSTU em que se pregava contra a ALCA. Só depois de muito tempo pude perceber quantas falácias estavam contidas naquele vídeo.

Numa outra oportunidade, vi um professor ateu de história constranger um aluno evangélico ao dizer que ele teria que renunciar a fé dele se quisesse entrar na universidade, pois seria impossível se manter fiel a religião sabendo os fatos científicos - detalhe: esse aluno já se formou e nada de renunciar a fé. Fora isso, devo mencionar a incontestável defenestração que alguns docentes jogam na igreja católica, como se a instituição devesse pagar eternamente pelos ""milhões"" de mortos na inquisição.



Sempre achei que o ensino religioso era um ponto polêmico demais para colocar na escola. Se já assisti excessos nas aulas de disciplinas humanas, por que não haveria excessos nas aulas de ensino religioso? Evidentemente, os professores sempre puxariam a sardinha para a religião deles, correto? Sempre não.

Conversei a tempos atrás com um amigo meu que estudou na PUC e não é religioso. Na visão dele, a aulo, que era dada por um padre, além de não fazer apologia a fé católica, dava uma visão geral de todas as outras grandes religiões, como protestantismo, budismo, hinduísmo, islamismo e espiritismo. Meu amigo me informou que ele hoje tinha uma visão mais abrangente das religiões devido a essa aula.

Todos sabemos que a religião está sob ataque ferrenho. Eu mesmo já acreditei durante muito tempo que a religião era algo ruim por sua própria natureza. O que acontece é que esse preconceito só alimenta desinformações que fazem muito mal a sociedade.

Muitas pessoas crentes só conhecem a igreja católica pelo que escutam na sua religião, aumentando a ignorância contra o catolicismo. Muitos católicos só conhecem o espiritismo pelo que escutam na sua religião. Muitos ateus só conhecem as religiões por outros ateus. Muitos judeus só conhecem o islamismo por outros judeus. Isso mitiga o diálogo entre as religiões, criando muitas vezes uma série de maus entendidos - o que eu já assisti várias vezes.

Criar um ensino religioso idôneo seria fundamental para conscientizar os alunos, uma vez que, por mais que a religião não exista dentro das escolas, é indubitável que ela existe fora delas. Preparar o aluno para algo que existe no mundo a sua volta é papel da escola. O problema é que muitos querem acabar com o que existe fora das escolas doutrinando ideologicamente nossas crianças. Se você ensinar uma criança que a religião é uma ideia assassina, não é difícil crer que muitas delas crescerão com resistência a ela, e até mesmo com intolerância.

Vamos dar exemplos. O caso do atirador de Realengo de 2012 foi um claro exemplo de como a religião afeta as escolas. O atirador era adotado e testemunha de Jeová, tendo recebido preconceito e bullying durante sua infância devido ao seu comportamento estranho e a sua religião. O atirador cresceu com mágoa do bullying que sofreu e teria até estudado o islamismo em busca de um credo que legitimasse seu instinto vingativo. Hoje, do lado de fora da escola existem vários versículos bíblicos do lado de fora do muro, mas do lado de dentro não se pode falar nada de religião.

Eu estudei em colégio público que não tinha a aula facultativa de religião imposta por lei na Constituição e pude presenciar algumas coisas interessantes. No colégio, professores assediavam alunas, meninas apareciam grávidas, pessoas consumiam drogas, alunos xingavam professores, outros pichavam.

Tudo isso acontecia, mas falar de religião era proibido. Será que a escola iria piorar se tivesse uma matéria que ensinasse o amor ao próximo? Será que os princípios de amor ao próximo comuns em todos os principais credos não poderiam resolver esses problemas? Mas obviamente, muita gente iria ficar compulsivamente ofendida se tivesse uma matéria religiosa que falasse do amor ao próximo, da moral, dos bons costume, do respeito aos diferentes, contra a promiscuidade, drogas, etc.

[caption id="" align="aligncenter" width="578"] Madelyn com certeza não conhecia todas as religiões do mundo, mas várias vezes falou do mal que a religião representava.[/caption]

Nos Estados Unidos, graças a ativista ateísta Madalyn Murray O'Hair, o ensino religioso e a leitura da bíblia foram banidos das escolas em 1963. Na época, o filho de Madelyn, também ateu, se sentiu constrangido por ter que aprender algo que ia contra o que ele acreditava. Então, a mãe dele apelou até a Suprema Corte para retirar essas atividades das escolas, tendo conseguido fama depois da decisão dos juízes. Já pensou se os criacionistas também alegassem o mesmo para não aprender evolucionismo nas escolas?

O filho de Madelyn anos depois viu o resultado do materialismo em sua vida e buscou soluções numa série de lugares, alcançando "paz" na religião protestante. É lógico, Madelyn escomungou seu filho e falou abertamente que se arrependia de não ter abortado ele. Ele mesmo declarou que sua mãe preferia vê-lo morto a vê-lo fiel de uma religião.

Coincidentemente depois da proibição da leitura da bíblia nas escolas em 1963, os Estados Unidos começaram a assistir episódios de terror dentro das escolas. A partir de 1967, TODOS OS ANOS alunos entram com armas nas escolas para cometer assassinatos - coisas que não aconteciam quando havia ensino religioso nas escolas. Talvez agora Madelyn O´Hair ache que as escolas estão melhor, quer dizer, ela não pode achar nada agora porque ela foi morta por um de seus funcionários ateus em 1995, tendo seu corpo sido achado apenas no ano seguinte.

[caption id="" align="aligncenter" width="288"] haha.[/caption]

No famoso caso dos atiradores de Columbine, os assassinos tinham uma revolta tão forte em relação a religião que eles perguntavam aos alunos se eles acreditavam em deus, atirando na cabeça daqueles que diziam que sim. É óbvio, a imprensa não de enfoque a opção religiosa ou a homossexualidade dos atiradores, coisa muito difícil de acontecer se eles fossem filiados a alguma religião.

[caption id="" align="aligncenter" width="400"] Caderno de um dos atiradores de Columbine.[/caption]

É desonesto dizer que os massacres são resultados de forma inerente a proibição do ensino religioso, pois esses eventos não ocorrem em muitos outro países. O que é fato é que os massacres só surgiram depois da proibição do ensino religioso. Associar os crimes dos ateus ao ateismo é tão desonesto quanto associar os crimes do religiosos à religião.

O fato é que o ensino religioso facultativo está na nossa Constituição, devendo ser colocado nas escolas de forma legal e positiva para os pobres alunos da rede pública, que já são o principal alvo da criminalidade, gravidez na adolescência e consumo de drogas. Dessa forma, a escola pública pode até não ficar melhor do que a escola privada, mas certamente ficará menos parecida com a privada que é hoje.

[caption id="" align="aligncenter" width="190"] Will Murray, o aluno ateu que causou a polêmica decisão em 1963.[/caption]

OBS: Hoje o filho de Madelyn O´Hair trabalha no  Religious Freedom Coalition, orgão que ajuda pessoas perseguidas por causa da religião em países de maioria irreligiosa e mulçumana.

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