segunda-feira, 22 de abril de 2013

EUVÍ: Malafaia, Malafala, Malafalha, Malafeia, Malacheia

A vida dá voltas. Até algum tempo atrás o programa da Gabi era apenas mais um programa noturno de conversa, que, na maioria das vezes, chamava mais atenção pelos óculos da apresentadora do que pelas entrevistas em si. Mas isso foi antes do profeta Silas Malafaia dar a luz de sua graça no tal programa. Por mais que a incrédula apresentadora possa duvidar da teologia da prosperidade do pastor, é indubitável que seu programa foi atingido por uma próspera audiência.




[caption id="" align="aligncenter" width="604"] Amar homossexuais como os bandidos não tem problema se você você amar os bandidos de verdade. O que as pessoas não conseguem crer é que os bandidos mereçam algum amor.[/caption]

Malafaia sempre teve uma abordagem espalhafatosa, sempre parecendo que está brigando. Aconselho qualquer um a assistir qualquer pregação dele com o som desligado. Qualquer pessoa que o assistir sem saber o que ele fala pode jurar que ele é um intolerante pregador do ódio e está falando mal de alguém.

[caption id="" align="aligncenter" width="300"] Malafaia nos bons e velhos tempos do bigode, onde ele se orgulhava de ser chamado de Ratinho Gospel.[/caption]

Silas Malafaia começou sua "carreira" ainda na adolescência, com um conjunto musical que visitava as Assembleias de Deus da região metropolitana do Rio. Toda vez que o grupo musical se apresentava, Malafaia pedia para fazer uma curta pregação. Assim, Malafaia foi ganhando notoriedade e fama no meio pentecostal, mesmo depois que o grupo de desfez.

Certa vez, nos anos 80, meu tio, que é psicólogo formado na Gama Filho, estava entrando na sala e viu um qluno no cantinho da sala, completamente encolhido. Meu tio logo pensou que já conhecia quem seria aquele ser misterioso que entrava da sala de aula e não se comunicava com ninguém. Na verdade, meu tio conhecia aquele universitário antissocial daquele conjunto musical que visitou certa vez sua igreja. Era o Silas Malafaia, estudando para ser psicólogo.

Malafaia, que trabalhava como bancário, se casou com a filha de um importante pastor e depois de muito sacrifício conseguiu adentrar no até então diabólico mundo da televisão. Seu programa, o Vitória em Cristo, sempre foi a pérola pentecostal das manhãs de sábado, onde ele esbravejava a palavra de deus com um nível de liberalidade teológica que era ousado para um pentecostal. Malafaia, talvez por maldade ou por honestidade, sempre pregou contra os usos e costumes.

[caption id="" align="aligncenter" width="256"] Malafaia com um look a la Tiririca defendendo o Bispo Macedo no 25° Hora da rede Record.[/caption]

Certa vez, meu pai, no final dos anos 80, meu pai, também assembleiano, resolveu cursar teologia, e quem foi seu professor? Segundo ele, Silas Malafaia. O pastor, ainda com cabelo repartido no meio e seu característico bigode, saiu virulentamente em defesa de - vejam só!- Bispo Edir Macedo, quando este foi preso por charlatanismo em 1995. O bigodudo alertou na época sobre a perseguição que estava sendo feita contra os evangélicos pela poderosa rede Globo.

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Um dia chegou a minha vez. Meu pai tinha acabado de morrer e eu não estava muito a fim de ir a igreja, mas fui convidado para um culto que tinha a presença de Silas Malafaia.  A igreja era enorme, o culto dele foi todo baseado em suas frustradas experiências financeiras ( tapeçaria, guaraná gospel, rádio, etc). Sinceramente, não fui ali para encontrar deus, eu fui ali para ver Silas Malafaia, não conseguindo enxergá-lo direito por causa da imensa distância entre minha poltrona e o púlpito. Mas, minha sorte mudaria.

Na saída da igreja, eis que, quando estava saindo do estacionamento, olho para o lado inocentemente. Quem eu vejo a uma distância de cerca de 2 metros me olhando fulminantemente nos olhos? Sim, Silas Malafaia, dirigindo um veículo grande, supostamente cheio de asseclas. Confesso que fiquei sem palavras. O que eu iria dizer? "Oi Silas ?" Nada disso! Não deu tempo de pensar em nada. Apenas fiquei olhando para a cara dele, pois só tinha ido ali para ver alguém que eu assistia desde criança.

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Nunca esquecerei que, enquanto ele me olhava com um olhar reprovador que esboçava uma certa impaciência e raiva, já se passavam cerca de 10 segundos, que duraram 2 eternidades e meia na minha cabeça. Quando me dei conta que o Silas Malafaia estava me encarando, meu instinto natural foi virar o rosto e fingir que ele não estava do meu lado. Segui por um caminho; ele, por outro. Foi ridículo, mas essa foi minha reação.

Depois de algum tempo, encontrei no trabalho uma senhora que era da igreja dele e resolvi contá-la minha experiência traumática com o "ratinho gospel". Ela, com toda a paciência do mundo, me disse: "olha meu filho, ele só te encarou porque estava esperando você cumplimentar ele com a 'paz do senhor'". O que ela me disse fazia sentido, mas por que ele não me cumplimentou primeiro? Por que ficar olhando para a cara de um jovem na saída de um culto ministrado por ele.

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Essa situação foi estranhíssima e me passou a ideia de que ele é uma pessoa irritada que espera que os outros o cumplimentem primeiro, como se ele tivesse um cargo mais ilustre. O que tem acontecido nos últimos tempos é que o pastor tem capitalizado muito com a agenda gayzista e abortista.

Num país com 90% de cristãos, sobra gente para defender abortismo e gayzismo, mas ninguém se levanta para dar o a cara a tapa pelos valores familiares - e Malafaia sabe muito bem disso. Ele aos poucos se tornou um baluarte do conservadorismo social do Brasil, simplesmente por ser o único pastor que defende abertamente os valores da maioria esmagadora da população.

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É óbvio, os ativistas gays o odeiam, não suportam que ele, que até pouco tempo atrás era mais um insignificante pastor, discorde deles. Já editaram vídeos para acusá-lo de incitar a agressão a gays; já tentaram cassar o registro de psicólogo dele por declarações que ele fez como pastor; já denunciaram ele por difamação por o que um perfil fake dele teria postado; já quebraram o sigilo bancário dele para dizer que ele teria mais bens do teria na realidade. Malafaia deve adorar isso, pois apenas ganha mídia gratuitamente, de quebra podendo abrir a boca cheia para falar que está sendo perseguido.

Malafaia tem uma grande qualidade, é um defensor da democracia, do debate de ideias e da liberdade de expressão, mesmo quando essa se vira contra ele. Ele já se manifestou abertamente contra a censura da imprensa e contra leis que criminalizem a opinião, mesmo admitindo que a nossa imprensa tem uma postura que denigre o povo evangélico.

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Malafaia também merece o mínimo de respeito por ter a ousadia de não usar argumentos religiosos quando vai debater aborto ou casamento gay, utilizando apenas argumentos científicos e lógicos que nem sempre são incontestáveis. Malafaia defende a laicidade do Estado e sabe que usar a bíblia não é cabido em debates políticos.

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No dia 08/08/09, Malafaia, que era o único pregador da verdade na tv, resolveu vender uma bíblia "da vitória financeira" pelo cabalístico número de 900 reais. Malafaia, que tanto criticava a teologia da prosperidade,  parecia que se tornara mais uma vítima do sistema, tendo que pedir uma quantia avultante de seus fiéis em troca de um benção financeira, apenas para conseguir pagar seu programinha. 

Pedir algo dos fiéis para que se faça proselitismo e caridade em nome do amor é uma coisa. Pedir dinheiro dos fiéis em troca de uma benção financeira se consiste numa safadeza tanto de quem pede como de quem dá. A pessoa que dá algo para uma instituição religiosa, deve fazê-lo com amor e não com ambição, pois claramente quem dá algo para uma religião fica necessariamente mais pobre, e não mais rico.

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A pessoa que dá algo para deus em troca de um bem material está apenas está tentando comprar as bençãos de deus, num tipo de chantagem espiritual. Caso deus não dê aquilo que o fiel pediu, aonde ficaria o PROCON do céu para o fiel reclamar? Quem serve um deus apenas por causa de bens espirituais são os servos de Mamom. Se os religiosos se preocupassem apenas com as coisas desse mundo seriam as mais miseráveis das criaturas.

Num só dia, Malafaia conseguiu envergonhar quem o seguia a anos, dando razão para quem odeia a deus. Não só isso. Todas as boas verdades que ele disse agora ficarão escondidas por trás desses episódios horrendos de exploravção da fé humana. Felizmente, muitos sites cristãos mostraram indignação e desceram o pau na atitude nefasta do teólogo da prosperidade, que se viu obrigado a criar seu próprio portal na internet.

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Mesmo não discordando de tudo que Malafaia diz, é impossível não discordar da forma como ele diz tudo que pensa. Onde está o amor no meio de todos aqueles berros dele? Será que quem olha para ele vê um bom exemplo do que seria um religioso pacífico? Será que se Jesus estivesse aqui ele teria todo esse tom beligerante?



Malafaia fala muito e não está livre de falhar. Admito que torço que ele mude suas posições radicais em alguns temas, pois acredito que ele é uma figura que já influenciou muito mais positivamente as pessoas do que negativamente. Todos estamos sujeitos a falhas, religiosos e irreligiosos. Podemos até tolerar que religiosos façam coisa feia, o que não podemos aceitar é que eles fiquem com a mala cheia.
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