Uma filha de um rigoroso pastor negro tem o sonho de se tornar uma estrela do pornô. Uma filha de um pastor simpático se vê obrigada a contar aos pais que não sabe quem é o pai de seu filho. Uma filha de dois pastores reluta em começar um relacionamento. Essas são as principais historias do polêmico e provocativo reality show da Lifetime Preachers´ Daughters ( Filhas de Pastores em português). O programa tem como um de seus objetivos mostrar a realidade dos lares cristãos sob o foco do cotidiano de três adolescentes filhas de pastores. O Reality Show é uma produção independente e teve o interesse de 6 canais americanos antes de ser televisionado às terças pela Lifetime.
[caption id="" align="aligncenter" width="960"] WWAPDD= O que uma filha de pastor faria?[/caption]
Essa não é a primeira vez que a Lifetime investe em programas polêmicos que falam de religião. Em 2012, foi televisionado o reality show Muslims, que tinha como objetivo mostrar a vida cotidiana de uma série de famílias de mulçumanos nos Estados Unidos. Já imaginou se a Lifetime se empolga com o sucesso de Preachers´ Daughters e resolve produzir um Imams´ Daughters? Muito radical né? Então quem sabe um Rabbis´ Daughters?
Cerca de 20 anos atrás o crítico de cinema Michael Medved publicou o livro Hollywood vs. America. Nesse livro, Medved mostrava o que já não era novidade para ninguém, ou seja, das 107 pessoas mais influentes em Hollywood, 93% delas tinham uma visão negativa em relação a qualquer tipo de religião. Como resultado, filmes de Hollywood dificilmente tinham protagonistas cristãos, mas sempre mostravam a hipocrisia e preconceito como características intrísecas ao cristianismo.
Aqui no Brasil não é diferente, personagens beatos são mostrados nas novelas com hipócritas e evangélicos são sempre mostrados como fanáticos, nunca como pessoas "normais". Nos últimos anos, a demanda por programas com temática cristã cresceu na tv americana. Os grandes canais atualmente se sentem mais livres para abordar inclusive as mazelas da religião cristã em seus programas sem medo de sofrerem boicotes por parte de cristãos conservadores.
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A fórmula do reality show é bastante duvidosa: três famílias de pastores protestantes são filmadas para contar os dramas que suas filhas "reprimidas" vivem debaixo do "julgo de seus rigorosíssimos pais". Equipes de filmagem então passam a registrar quase que 24 horas por dia o que acontece com cada uma das filhas dos tais pastores.
Por uma coincidência quase que milagrosa, parece que a partir do momento em que o seriado começa, a vida das três filhas começa a produzir acontecimentos bizarros e muitas vezes cômicos. Os membros das famílias também fazem confessionais individuais perante as câmeras, onde falam o que pensam e o que estavam pensando durante os fatos ocorridos nos episódios.
Não é surpresa que o seriado dá um enorme enfoque - advinha? - a questão sexual. Com excessão de uma participante, que já se "perdeu" e já é uma mãe solteira, todas as outras participantes mostram um enorme conflito que tem no seio de suas famílias em relação à questão sexual. Em outras palavras, todos os pais deixam claro que suas filhas devem se casar virgens.
O programa é bem espetaculoso e sempre tenta engradecer acontecimentos dos mais banais que ocorrem na vida das participantes. Sermões dos pastores servem de pano de fundo para cenas em que suas filhas fazem exatamente o contrário do que seus pais pregam. Vendo os episódios, fica claro que para qualquer uma das famílias, o sexo antes do casamente significa um cabal e definitivo mergulho no inferno, do qual não há volta aparente. A obsessão em relação ao sexo nos primeiros episódios é algo tão forte que o programa parece que não é sobre filhas de pastores, mas sim sobre suas vidas sexuais e amorosas.
No fundo, o programa segue a fórmula do brasileiro Mulheres Ricas, onde equipes de filmagem acompanham a vida de um grupo de mulheres que ostentam suas riquezas. Aliás, do jeito que existe pastores milionários no Brasil, não duvido nada que se algum canal quisesse fazer uma versão brasileira do reality ficaria bem mais parecido com o Mulheres Ricas do que com a versão americana.
Assistir Preachers´ Daughter exige do telespectador uma grande suspenção de descrença, pois é muito difícil acreditar que tudo o que acontece no programa não é combinado antes com os produtores do programa. Seguindo o modelo dos realities Real Housewives, Laguna Beach e Keppin´up with the Kardashians, muitas pessoas na série aparecem com suas faces borradas, deixando transparecer que não cederam seus direitos de imagem para os produtores do programa.
Por mais que assistir um reality show como esse demande fé dos seus telespetadores, muitos, muitos, muitos cristãos, mesmo antes do programa ter estreiado têm não apenas boicotado o programa, mas também criticado duramente o que chamam de exploração e difamação da vida familiar cristã. Muitos dizem que a série apenas reforça os preconceitos que os liberais tem sobre os religiosos.
Muitos de nós assistimos tv religiosamente, agora chegou a vez dos religiosos serem seguidos pela tv. Preachers´ Daughters é um programa controverso que vale a pena ser visto, mesmo sendo um programa que mostra um lado dos cristãos que a mídia sempre fez questão de nunca esconder. O que ninguém pode duvidar é que Preachers´ Daughters é um programa de proporções bíblicas.
As três Famílias:
The Perrys - Califórnia
A família mais amável do programa. A filha do programa é Olivia, uma jovem de 21 anos que depois de um longo período de promiscuidade e irresponsabilidade, descobriu estar grávida. Olivia ainda se envolveu em um acidente de carro enquanto estava grávida e não sabe quem é o pai de seu filho. O pai de Olivia, Mark Perry, é um compreensivo pastor integral e não permitiu que sua filha abortasse.
Olivia ainda tem uma irmã que trabalha como modelo e outra que é uma aspiranta a missionária. Os fatos envolvendo Olivia envolvem sua vida como mãe solteira e a dificuldade de voltar a se relacionar. Os Perrys são uma família de comercial de margarina, talvez por isso, sejam os menos interessantes. Eles têm o hábito de fazer reuniões espirituais semanalmente na casa deles, que ele chamam de microchurch ( micro-igreja ).
The Kolloffs - Tenessee
Kolby, a filha da família Kolloff é a mais simpática. Ela parece ser uma pessoa sensível e uma cristã bem intencionada. Kolby tem 3 irmãs mais velhas, possuindo não só um pai pastor, mas uma mãe pastora. Vitória, a mãe pastora de Kolby é um show a parte, pois ela tem um ministério focado na prevenção sexual de adolescentes cristãos. Vitória condena abertamente todo o tipo de sexo antes do casamente, tendo ela o prazer de frisar no púlpito sem o menor constrangimento que os jovens não-casados não devem praticar sexo anal, vaginal, com dedos, se abraçar pelados e etc.
Já o pai de Kolby, Nikita, que no passado foi um famoso lutador de vale-tudo, é pastor e separado de Vitória. Nikita é um pai com a mente aberta e bastante amigo de suas filhas. Kolby tem 16 anos e está relutante em desenvolver um relacionamento amoroso com Mica, pois imagina que seu namoro pode fazer com que ela se desvie de seus objetivos cristãos.
The Coleman - Illinois
A família mais interessante do seriado é a família afro-americana. Taylor, a filha da família, é uma jovem problemática de 16 anos que namora escondido de seus pais por saber que seu pai jamais a deixaria. Taylor sente que por ser filha de um pastor, não tem as liberdades que ela gostaria de ter, escondendo de todos seu sonho de se tornar uma atriz pornográfica quando crescer.
O pai de Taylor, Kenneth, é um típico pastor negro de uma igreja carismática. Barulhento, rigoroso e prepotente, Kenneth tenta de todas as formas impedir que sua jovem filha cometa os mesmos pecador que ele cometeu quando jovem. Quando jovem, Kenneth engravidou sua mulher e sua "amante" quase que ao mesmo tempo. Kenneth criou a filha que teve fora do casamento junto com suas outras filhas e deixou bem claro que ele a expulsaria se ela engravidasse antes do casamento, o que acabou acontecendo.
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