quarta-feira, 1 de maio de 2013

10 motivos pelos quais a Teologia da Prosperidade não faz sentido







Nasci numa família de crentes. Desde pequeno ia com minha avó a nossa feia e cafona igreja de matriz pentecostal. Os membros eram todos paupérrimos e quase sempre estavam passando necessidade.

Os pastores eram todos pobres, morreram sem ter comprado um carro e moravam em regiões muito perigosas. Como sei? Meu pai, não-dizimista, era um dos três membros da igreja que tinha um carro e levava os pastores em casa depois dos cultos. Aliás, a maioria dos pastores não ganhava nada para pregar e por isso eram respeitados, pois não trabalhavam para o dinheiro, trabalhavam para deus.

Depois que cresci nunca mais nem tive saudades daquela igreja, mas concordo que infelizmente ela era excepcional. Hoje, ao ligar a tv, o que vejo são religiosos que não vivem para deus, eles vivem de deus. De um tempo pra cá, a Teologia da Prosperidade tem varrido mentes e bolsos nas igrejas.

Em síntese, a Teologia da Prosperidade prega que através de sacrifícios financeiros você pode semear bençãos financeiras de deus. Aquele ques que dariam dinheiro seriam recompensados, pois deus aceitaria que se fizesse prova dele através das ofertas.

10 motivos pelos quais creio que a Teologia da Prosperidade não faz o menor sentido

1- Se a fé em deus tivesse correlação com as riquezas desse mundo, por que pobres crentes de fé genuina como os que eu conheci seriam mais pobres do que Bill Gates, um convicto ateu de berço protestante?

Se a fé em deus causasse riqueza a verdade é que iam faltar apartamentos na orla da praia para a orda de crentes que os demandariam dos céus. Graças a deus, a fé não é a principal causador de riquezas, é o trabalho.

Se isso fosse verdade não haveria pobreza, bastaria todos crerem em deus e darem dinheiro pra ele. Se isso fosse verdade não haveria razão para que se precisasse ter fé para crer em deus, uma vez que todos veriam que quanto mais você dá, mais você tem. As pessoas iam acabar se convertendo, não porque mudaram seus conceitos, mas porque iam querer mudar suas contas bancárias.

2- Se a Teologia da Prosperidade for verdadeira, deus não passa de um vendedorzinho barato de bençãos que distribue riquezas em troca de dinheiro(?). O que ficaria nas entrelinhas é que Será que deus poderia ser comprado, ou seja, sua vontade se dobraria a vontade de quem pagasse dinheiro.

3- Se deus é o dono e possuidor de todas as coisas desse mundo, por que ele precisaria de papel moeda para decidir qual o fiel que ele deve abençoar? Logo, se isso fosse verdade, as igrejas seriam balcões de negócios onde seus diferenciais seriam as barganhas para com deus.

4- Se por acaso um fiel dar tudo o que tem e não for abençoado como seu religioso o prometeu, onde ficaria o Procon do céu para ele reclamar? Se a benção for insatisfatória, deus vai devolver o troco?

Geralmente essas seitas nessas situações afirmam que deus não atendeu porque o fiel não teve fé o suficiente, mas a verdade é que o fiel teve tanta fé que depositou seu dinheiro para pagar pra ver - e não viu.

Quem seria o primeiro a dizer que deus não cumpriu com o que prometeu? Seria deus um golpista 171? A quem um fiel recorreria se fosse tapeado até por deus? Ao diabo ou a um banco? Será que as igrejas não deveriam vender conjuntamente um seguro para prevenir nesse casos?

5- Quem dá dinheiro para a igreja fica evidentemente mais pobre, não mais rico. Por isso que as pessoas devem dar o que quiserem e com amor. No entanto, o que é dito hoje é que as pessoas tem que dar com interesse, pois suas contribuições serão devolvidas aqui na Terra por deus.

Se isso proceder, seria melhor guardar dinheiro na igreja do que no banco, pois o rendimento divino seria melhor do que o bancário.

A Teologia da Prosperidade é tão perversa que corrompe até os pobres fiéis, que passam a seguir a deus pelas bençãos materiais que ele pode lhes oferecer. Logo, não existem inocentes nessas igrejas. Todos querem levar vantagem em tudo, pois são todos brasileiros.

6- Se a Teologia da prosperidade for verdadeira, deus não passa de um mesquinho chantagista que faz acepção de pessoas pelo que eles estão dispostos a dar a ele em dinheiro.

Logo, a fé seria medida em reais. Pobres seriam amaldiçoados por só poder dar pouco e ricos seriam abençoados por poder dar muito. Deus seria um deus injusto que fomentaria desigualdade. Na prática, seria um diabo, só que o diabo não pede seu dinheiro.

7- A Teologia da Prosperidade indubitávelmente funciona para os pregadores da prosperidade, pois estes ostentam carros e casas com o dinheiro dado pelos seus espertos fiéis. Como já dizia meu Tio Tião: "Quer ficar rico?  Escreva um livro ensinando como ficar rico e um monte de gananciosos comprarão".

8- Se a Teologia da Prosperidade for real, viveríamos num politeísmo, pois a Teologia da Prosperidade faz de todo fiel um pequeno deus. O fiel ao dar seu dinheiro passa a exigir que deus o abençoe, transformando deus num mero empregadinho. Para todos os efeitos, a Teologia da Prosperidade transforma todo evangélico num euvangélico.

9- Se a Teologia da Prosperidade for válida, o sacrifício de Cristo na cruz não foi suficiente. Teríamos ainda que fazer vários pequenos sacrifícios para obter graças divinas - como se o de Cristo não bastasse.

Na prática, se o sacrifício de Cristo não foi suficiente para garantir graças aos cristãos, então Jesus era um sadomasoquista que gostava de sofrer e morreu em vão. Por que motivo deus mandaria Cristo a morrer senão para findar com todos os outros sacrifícios?

10- Se a Teologia da Prosperidade for real, então deus também é mentiroso, pois ele sempre diz para não vivermos para as coisas desse mundo. Do contrário, o fiel da prosperidade vive e ora para o que ele pode ter amanhã aqui nesse mundo, deixando o pós-vida de lado.

No final das contas, a Teologia da Prosperidade mostra quem é mais fiel pelo que tem aqui nesse mundo, anulando a vontade de deus que as pessoas vivam vidas humildes.

A riqueza na teoria passa a ser o objetivo, porém na prática ela vira uma divindade. As pessoas passam a amar a deus não por quem ele é, mas por quanto ele pode dar a elas. O fiel passa a ser um egoísta. As igrejas passam a virar templos do capitalismo.

Em suma, sabemos que se não existe e que a Teologia da Prosperidade é uma cretinice de discípulos do me engana que eu gosto. Portanto, se nessa vida esses pregadores buscam tanta prosperidade, espero que eles desfrutem da mesma prosperidade no inferno.

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