terça-feira, 2 de abril de 2013

EUVÍ: Jornalista teria inventado relato machista sobre ele, revela o deputado Feliciano em entrevista a Folha



Nas últimas semanas Marco Feliciano foi bombardeado de comentários de que ele teria feito comentários machistas para um livro em junho de 2012, segundo o jornal O Globo. Na entrevista que Feliciano deu à Folha nessa segunda-feira, Feliciano informou que não fez o comentário machista, tendo ele indagado o jornalista que fez a matéria, que não teria como provar que Feliciano fez a afirmação.

Como o ônus da prova cai para quem acusa, espero que o jornalista do O Globo divulgue o vídeo ou o áudio onde Feliciano teria feito tais comentários. O mais interessante é que a matéria do O Globo ainda suja a imagem dos evangélicos como um todo a partir de Feliciano, quando informa que tal noção machista reflete o pensamento majoritário defendido pelos integrantes da Frente Parlamentar Evangélica.

Abaixo a matéria do O Globo e posteriormente a entrevista de Feliciano à Folha. Tirem suas próprias conclusões.

Em entrevista para o livro “Religiões e política; uma análise da atuação dos parlamentares evangélicos sobre direitos das mulheres e LGBTs no Brasil”, ao qual O GLOBO teve acesso, o deputado critica as reivindicações do movimento feminista e afirma ser contra as suas lutas porque elas podem conduzir a uma sociedade predominantemente homossexual.

“Quando você estimula uma mulher a ter os mesmos direitos do homem, ela querendo trabalhar, a sua parcela como mãe começa a ficar anulada, e, para que ela não seja mãe, só há uma maneira que se conhece: ou ela não se casa, ou mantém um casamento, um relacionamento com uma pessoa do mesmo sexo, e que vão gozar dos prazeres de uma união e não vão ter filhos. Eu vejo de uma maneira sutil atingir a família; quando você estimula as pessoas a liberarem os seus instintos e conviverem com pessoas do mesmo sexo, você destrói a família, cria-se uma sociedade onde só tem homossexuais, você vê que essa sociedade tende a desaparecer porque ela não gera filhos”, diz ele na página 155, em declaração dada em junho de 2012.



Para o pesquisador Paulo Victor Lopes Leite, do Instituto de Estudos da Religião (Iser), um dos autores do estudo, a posição de Feliciano não é exceção: reflete o pensamento majoritário defendido pelos integrantes da Frente Parlamentar Evangélica.

- Constatamos que os parlamentares evangélicos trabalham com a ideia de pânico moral, que se manifesta sempre que qualquer atitude ou comportamento se mostra diferente do conceito de família patriarcal, com pai, mãe e filhos. É a ideia de pânico moral que faz com que rejeitem qualquer transformação natural da sociedade, como o casamento igualitário e a necessidade de se discutir a legalização do aborto – avalia.

As afirmações de Feliciano causaram revolta nos movimentos feministas. Para Hildete Pereira de Melo, professora da UFF e pesquisadora de relações de gênero e mercado de trabalho, as convicções do parlamentar são atrasadas porque não acompanham as necessidades da sociedade.

- Ele é misógino e homofóbico. Desde a invenção da pílula anticoncepcional, os casais heterossexuais podem manter vida sexual ativa sem que a gravidez ocorra. Atribuir aos homossexuais a responsabilidade pela destruição da família é um delírio. A destruição tem como culpado o homem, que sai de casa e abandona os filhos quando o relacionamento termina. É preciso entender que os filhos são responsabilidade do casal, e não apenas da mulher – critica.

Fonte O globo

Em entrevista à Folha, Feliciano explicou da onde viria suas opiniões "machistas".

Folha/UOL: Mulheres. O sr. já criticou o direito das mulheres trabalharem, o direito de elas não desejarem ter filhos. Na sua concepção, todas as mulheres devem casar e ter filhos?


Marco Feliciano: Bom, primeiramente, foi muito bom tocar nesse assunto. Você foi o primeiro jornalista que me pergunta isso. Eu nunca dei essas declarações. Isso foi divulgado num jornal, lá no estado do Rio de Janeiro, foi publicado, inclusive, quase que anonimamente. Não tinha nenhum repórter que assinasse o artigo. A minha equipe procurou e, quando encontrou, a pessoa gaguejou porque ela não tinha nada escrito, não tinha nada gravado. Ou seja, esse texto foi um texto apócrifo e a militância usou isso para, mais uma vez, me rotular. Além de racista, homofóbico, agora, machista. Então, isso não existe.


Folha/UOL: Então, esclareça.
Marco Feliciano: Na minha concepção, eu tenho a concepção família. Mulher é, para mim, a criatura mais linda que Deus criou nesse nosso mundo. Veio para ornamentar o mundo e ornamentar a vida do homem. E, ambos, parceiros. A Bíblia diz que Deus fez a mulher da costela...


Folha/UOL: Mas essa sua frase "a mulher veio para ornamentar a vida do homem" não contém uma carga machista?
Marco Feliciano: Não, eu vou explicar por que. Porque pela Bíblia, Deus criou primeiro a vida do homem. O homem, o sexo masculino, foi o primeiro a ser criado.

Folha/UOL: O sr. é criacionista?
Marco Feliciano: Sou criacionista. E viu Deus que o homem estava só. E aí, diz a Bíblia: "E Deus, então, fez para o homem a mulher". Só que quando Deus fez a mulher para homem, Deus fez a mulher da costela. Ou seja, para andar ao lado do homem. Para estarem juntos, para ambos buscarem os seus direitos e ambos acreditarem e construírem uma vida.

Folha/UOL: As mulheres devem casar, todas elas, e terem filhos?
Marco Feliciano: Olha, eu não posso falar por todas. Mas é a experiência do segmento da existência e da vida. Mulher é o único ser do mundo que pode gerar filhos. Pelo menos entre nós, seres racionais. O homem não gera filhos. Quem gera filhos é mulher. Se a mulher não gerar filhos, acaba a humanidade.

Folha/UOL: As mulheres podem ou devem trabalhar, ainda que sejam casadas e tenham filhos?
Marco Feliciano: Mas é claro que sim. A Bíblia Sagrada fala que, quando Jesus ressuscitou do túmulo, foram as mulheres que foram ali prestar um serviço de cuidar. As mulheres foram que propagaram o evangelho. Então, a minha fé não é uma fé machista. Mulher tem que ter os seus direitos. Inclusive, na minha igreja, nós temos pastoras. E há um segmento evangélico que não aceita pastoras. Então, nós temos isso.

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