sexta-feira, 26 de abril de 2013

EUVÍ: O declínio do cristianismo, o aborto e a excepcionalidade da vida




Não é novidade nenhuma que nossa sociedade a muito vem perdendo as raízes da moral judaico-cristã. Ao conversar certa vez com um norueguês , pude perceber a superficialidade das crenças que as pessoas tinham na Escandinavia.

Obs: Já morei num hostel em São Paulo, onde pude conviver pessoas de outros países.

Se aqui no Brasil a maioria dos católicos ( não praticantes ) vai na igreja apenas para batizar, casar e enterrar; na escandinavia, ainda há protestantes que batizam e enterram, mas já é comum não se casarem na igreja.

Pelo que pude reparar, é que apesar de terem uma religiosidade muito fria ( que pode até ser considerada um ateísmo funcional ), os europeus têm uma ética muito mais presente do que a dos brasileiros.

Porém, quando o assunto era vida, o que via era que a esmagadora maioria dos jovens europeus não via problema algum no abortou ou eutanásia. Quando perguntados, sempre davam a entender que as sociedades por eles integradas seriam mais evoluídas que a nossa.

Bem, só dei o exemplo do que conversei com o norueguês porque acredito que o Brasil caminha em alguns sentidos para ser mais parecido com a sociedade europeia (pouca religiosidade, melhor padrão de vida, melhor educação).

Desde o advento da idade moderna, o ser humano se tornou o centro dos holofotes, fazendo com que o indivíduo virasse a medida de todas as coisas.

Como epicentro da existência, a vida humana só passou a ser um direito absoluto com a difusão do cristianismo. Por exemplo, na Grécia antiga era comum o infanticídio de crianças deformadas e excepcionais. Apenas com a inclusão do cristianismo a vida de deformados e excepcionais ganhou um caráter sagrado. Aliás, o cristianismo deu um caráter sagrada para a vida em geral.

Um ato muito comum na Roma Antiga era o abandono de filhas rescém-nascidas nuas a céu aberto para morrerem de frio ou insolação. A vida da mulher era considerada menos digna na sociedade romana, uma vez que a mulher não traria potencial econômico para a família.

Com o crescimento do cristianismo na sociedade romana, muitas dessas recém-nascidas passaram a ser acolhidas por cristãos, que as criavam como se fossem suas.

De igual modo, muitas viúvas eram abandonadas por suas famílias nos tempos antigos. Como não havia sistema previdenciário, a esperança da pobres viúvas era a benevolência de seus filhos. Por isso que uma mulher estéril era tão prejudicada naquelas sociedades.

Com a chegada do cristianismo, muitas viúvas desesperadas viram no cristianismo a única saída para elas, uma vez que as comunidades cristãs as acolhiam.

Com o passar do tempo, a igreja cristã se tornou a maior construtora de orfanatos e asilos da história humana, criando uma rede de proteção social numa sociedade desprovida de políticas sociais e mitigando um pouco da exploração do homem pelo próprio homem.

Além do mais, muitos cristãos primitivos davam todos os seus bens para a sociedade cristã, depois passando por necessidades e também sendo ajudados por outros convertidos que sucessivamente faziam o mesmo.

De certo modo, a expansão do cristianismo se valeu de um declínio econômico do Império Romana, se alimentando assim da massa de desfavorecidos daquela sociedade. Isso explica o porquê que os cristãos se espalharam mais para a Europa do que para a Ásia e África, pois o império romano reunia toda uma conjuntura favorável inexistente em outros lugares.

No Império Romano, uma enorme parcela da população era escrava. Não era incomum escravos praticarem orgias e as escravas dessa forma não sabiam de quem eram seus filhos. Isso fazia que o escravo não tivesse para quem passar seus bens depois de morto.

Com o advento do cristianismo, o sexo fora do casamento foi condenado e os escravos passaram a poder casar e passar suas heranças as suas proles. O homem trocou o politeísmo por um monoteímo que via na vida humana, na família e na moralidade a base para sua existência.

Com o avanço da ciência e os repetidos abusos da igreja, a força da religião nos valores da sociedade começou a ruir. Nos anos 60, a revolução sexual, juntamente com a invenção da pílula e da camisinha, criaram circuntâncias para que o homem pudesse mergulhar numa ode ao seu próprio prazer.

Desde então, a vida humana tem sido relativizada e os prazeres sexuais ganharam um caráter religioso. Prova disso é que a maioria das pessoas dá sinais de que prestam um culto muito maior aos prazeres em suas vidas do que qualquer tipo de divindade.

O homem está pouco a pouco voltando no tempo para antes da chegada do cristianismo, colocando a vida humana em segundo lugar e prestando adoração a um politeísmo disfarçado de irreligiosidade, onde a adoração é feita ao sexo, ao poder, ao dinheiro, etc.

Como resultado da queda dos valores judaico-cristãos, o que vemos é o mesmo que acontecia na Roma Antiga acontecer hoje com o aval da ética secular.

Se antes os casais jogavam suas filhas recém-nascidas no meio da rua; hoje, pagam para matá-las ainda dentro do ventre, estendendo esse privilégios para seus filhos.

Muitos justificam que é melhor abortar do que jogar uma criança num orfanato, mas pelo menos no orfanato a criança poderá gozar do bem mais precioso, que é a vida. Isso aconteceu porque o sexo vem sendo totalmente desvencilhado a ideia de procriação. De modo que, quando uma coisa leva a outra, muitos se espantam com se tivesse ocorrido uma surpresa e absurda inconsistência.

Enquanto nossos direitos individuais são mitigados, o Estado passa a ter o caráter divino de controlar de quem vive e morre segundo seus próprios critérios. Com a desagregação da família, muitos são os filhos que abandonam e largam seus pais para usufruir da herança, de nada se diferenciando do que acontecia na idade antiga.

O que muitos dizem é que a evolução da nossa civilização não passa de mais um retrocesso que terá como principal vítima o caráter sacro que a vida humana ganhou. Peter Singer, renomado professor de ética australiano já defende que é ético uma família matar seu filho até o primeiro mês de vida, caso não haja como sustentá-lo.

Pouco a pouco, o que veremos é um ataque cada vez mais agressivo à vida, onde esta só será habilitada para aqueles que surgirem em condições cada vez mais específicas. Tudo indica que em breve estaremos todos de luto pelo nossos valores que têm os seus dias contado. No entanto, nos é lícito ao menos transformar todo nosso luto em luta.

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