segunda-feira, 1 de abril de 2013

EUVÍ: Os novos ateus evangélicos




Quando eu nasci uma das primeiras coisas que eu reparei era que a nossa sociedade - que na época era muita mais católica do que hoje - era muito tolerante às religiões evangélicas. Já naquela época, os evangélicos eram vistos como chatos, sempre dispostos a tentar convencer os outros de suas crenças bíblicas. Os crentes eram conhecidos por desrespeitar a crença dos outros - seja católico, seja espíritas - para tentar convertê-los.

[caption id="" align="aligncenter" width="537"] Caso a religião não existisse essas torres bem provavelmente nunca teriam nem sido construídas, uma vez que foram protestantes(religiosos) perseguidos que decidiram criar na América um país para que todos tivessem liberdade. É muito desonesto intelectualmente culpar todas as religiões pelo que os radicais de apenas uma fizeram. Que culpa espíritas ou budistas poderiam ter? O que é errado é a intolerância e o fanatismo, não necessariamente a religião. A religião existe por causa do homem, não o contrário.[/caption]

Alguns falavam que o espírita era filho do Diabo e com esse argumento, esperava que o pobre espírita se convertesse; outros,  falavam que o católico era idólatra e esperava o mesmo. Alguns sabiam que estavam sendo desrespeitosos, mas ele me muniam de um consolo: estavam falando a verdade. Pouco importava se os católicos e os espíritas ficariam encomodados. Segundo esse raciocínio, é válido falar algo de forma dura e desrespeitosa se este algo é verdade. Mais tarde eu aprendi que os bons cristãos deveriam expor seus pensamentos com amor.

[caption id="" align="aligncenter" width="320"] Julguemos pelos atos, não pela religião das pessoas. Se alguém faz o bem por causa de uma religião não pode ser reprovado por isso. Ficar fazendo uma disputa de qual religião cometeu mais maldades é ridículo.[/caption]

Pois bem, na época de minha faculdade dividi meu quarto com um ateu durante um ano. Ele lia bastante. Primeiro ele sempre lia Nietzche, mas depois só vivia lendo um tal de Richard Dawskins. Eu acredito em deus e nunca tive problemas em falar com ele sobre deus, religião, igreja e todos os outros assuntos normais. Fiquei interessado em saber quem era aquele tal de Richard Dawkins, tendo numa noite visto quase todos os seus vídeos que haviam no youtube.

Eu gostei do Dawskins, ele fazia perguntas que acho que todas as religiões deviam estar preparadas para responder. O que mais admiro no Dawskins era que ele, mesmo sendo um cientista darwinista, explicava suas ideias de forma que qualquer um pudesse entender - coisa que Jesus fazia com maestria. Infelizmente, assim como Jesus, muitos dos "seguidores" de Dawskins não tem a mesma classe e elegância na hora de defender sua crença;

[caption id="" align="aligncenter" width="600"] Propagando ateísta: algumas muito inteligentes, outras nem tanto. Qualquer pessoa de bom senso é obrigada a concordar com a primeira propaganda e com a quarta. O preconceito contra os ateus não é pior nem melhor do que contra qualquer outro grupo.[/caption]

Imagine se um grupo de evangélicos fanáticos estivessem movendo ações judiciais contra cidades para que estas removessem cruzes que foram postas em homenagem a soldados mortos defendendo o país. Não seria um tremendo absurdo? Pois bem, é isso que grupos de irreligiosos americanos estão fazendo alegando a separação entre igreja e Estado. Outro dia estava assistindo o excelente programa do apresentador Bill O´Reilly, o O´Reilly Factor. No programa, O´Reilly trouxe para um debate o presidente do Atheist American Group Dave Silverman

O American Atheist Group não só defende que símbolos religiosos da notas de dólar e da cultura dos Estados Unidos, eles querem apagar os traços do cristianismo que existem nos Estados Unidos. É um embate que se define em "Freedom From Religion vs. Freedom of Religion", ou seja, o que parece que eles desejam é uma sociedade onde eles não sejam encomodados em momento algum com menções religiosas de qualquer deus em que eles não acreditem. Já imaginou se eles quisessem derrubar o Cristo Redentor alegando a laicidade estatal? Pois bem, já há os que defendem tal ideia. Bem ou mal, vivemos numa sociedade com uma relativa influência cristã e querer apagar essa influência de uma hora para a outra é um absurdo.

Não sou contra os movimentos ateístas e acho que em muitos casos eles têm razão em seus argumentos sobre a separação entre o Estado e a igreja, mas o que vejo é um ativismo quase que evangélico por parte desses grupos de irreligiosos. Por exemplo, se um grupo de evangélicos colocasse outdoors nas frente de vários templos de outras religiões com mensagens do tipo "você está errado, os crentes estão certos", não seria um abuso total? Pois bem, é isso que os ativistas ateus estão fazendo nos Estados Unidos, colocando outdoors com mensagens do tipo "deus não existe" em frente à sinagogas, igrejas e - preparem-se! - mesquitas. Será que eles não percebem que isso é um desrespeito? Acho que percebem, mas não ligam para isso porque acham que estão fazendo a coisa certa.

Quando Bill O´Reilly perguntou na entrevista a Sivelrman se ele não achava desrespeitoso e imprudente colocar mensagens tão potencialmente inflamadas na frente de mesquitas, Silvermam apenas justificou: " mas é a verdade, deus não existe". Quando um homem-bomba mata crianças se explodindo ele usa o mesmo argumento, acredita que está fazendo o que é a verdade e por isso seus atos se justificam. Nada é mais perigoso que um homem que acha que sabe a verdade.

O que eu acho errado não é o ateísmo - pois acredito no proselitismo da ideia-, mas a abordagem infantil e irresponsável que eles aplicaram frente aos islâmicos e outros religiosos. Uma atitude frontal como essa quase que pede para que os religiosos se sintam afrontados e radicalizem seus discursos. No entanto, defendo o direito do grupo em expor as ideias deles em qualquer lugar, pois é legal, ainda que não seja correto.

[caption id="" align="aligncenter" width="320"] Não sou católico, mas ainda estou esperando o equivalente protestante/ateu/islâmico da madre Teresa. Já o Stalin claramente tem seus devidos equivalentes em outras religiões. De qualquer forma, é muito fácil pegar um genocida de uma religião e compará-lo com um altruísta de outra para comparar religiões. Isso é muito desonesto.[/caption]

Quando um irreligioso usa de um discurso descerebrado e desrespeitoso para contra os religiosos, ele apenas está difamando a causa que defende, igualando-se ao temperamento dos piores religiosos. O que tem surgido na internet nos últimos anos é uma tropa de ateus evangélicos que criam sites simplesmente para criticar outras religiões, o que não é nem um pouco errado. O problema é quando entram ideliberadamente em sites religiosos para agredir verbalmente as ideias religiosas das pobres pessoas que os visitam, criando assim um ambiente beligerante.

Todos merecemos respeito e todos temos o direito de acreditar naquilo que não existe. É óbvio, existem fanáticos religiosos que cometem excessos horrorosos, mas pelo menos o fazem com o subterfúgio religioso - desculpa essa na qual uma pessoa normal não pode se abrigar. Se alguém quer expor as suas ideias, o ideal é que faça com respeito, prudência, sabedoria e educação para com aqueles que deles discordam. Caso contrário, deus pode até não existir, mas o mundo se tornará num verdadeiro inferno.

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