Ben Affleck nunca foi conhecido por ser um ator brilhante. Se lhe falta dramaticidade nos gestos, não lhe falta a capacidade de se reinventar e assim melhorar a sua imagem depois de vários insucessos.
Desde que Afleck se tornou diretor, os elogios começaram a voltar para seus ouvidos. Diferente de seu amigo Matt Damon, Affleck não teve uma carreira estável.
Argo é o melhor filme da carreira de diretor de Affleck, chega a supreender pela produção fidedigna à história que quer contar, mas mesmo assim não faz os olhos saltarem.
A produção é corajosa em retratar de forma honesta o que aconteceu no sequestro da embaixada e ao mesmo tempo debocha de Hollywood e da forma patética como os filmes são feitos.
Até mesmo a direção de Affleck não é impecável, em vários momentos as cenas que deveriam expressar apreensão acabam se desenvolvendo de forma previsível e sem emoção.
As atuações são convincentes, mas sem nenhum ator ou atriz que tenha se destacado. O filme parece ser sobre os diplomatas reféns, mas na realidade o filme apenas conta a história do personagem de Affleck.
Affleck interpreta um agente da CIA que em meio às atribulações da vida decide se jogar de cabeça numa tarefa quase impossível, arriscando a própria vida para salvar a dos outros. Mas na realidade, todas as suas ações parecem ser uma forma de compensar e esquecer seu fracasso familiar.
Affleck, democrata assumido, conta de forma bastante justa e instrutiva o evento mais bem sucedido da presidência do último presidente democrata a ser mal sucedido, Jimmy Carter.
O filme tenta em todas as cenas mostrar como Carter fez todas as decisões corretas que um líder faria naquela difícil situação. O problema é que o filme trabalha para limpar a imagem de uma presidência fracassada e a única história que poderia ser contada para tal finalidade não é uma muito empolgante.
O thriller começa muito bem contando a história do Irã, mostrando que o país caiu nas mãos de um nacionalista secular que nacionalizou o petróleo do país. Os Estados Unidos e a Inglaterra insatisfeitos então levantaram ao poder o também secular Xá Reza Palevi.
O corrupto Xá oprimiu o povo, tentou ocidentalizar o país, prostituiu a cultura persa com influências estrangeiras, perseguiu seus opositores islâmicos, distorceu os valores da nação e deu aos Estados Unidos acesso total as riquezas do país.
Dada a revolta da população, os populares depuseram o Xá e envadiram a embaixada do país, tomando os diplomatas americanos como reféns. O Xá pediu a asilo político nos Estados Unidos, que se recusou a entregá-lo aos iranianos em troca dos diplomatas.
Argo retrata a história dos 6 diplomatas que saíram da embaixada e se refugiaram na casa do embaixador canadense.
É aí que a inteligência americana começa a estudar formas de resgatar os diplomatas que estavam na casa do embaixador. Todas as alternativas seriam frustradas pelo fato de o país estar fechado aos americanos, que seriam assassinados se entrassem no país.
Um oficial da inteligência tem a idéia de ir ao Irã com a permissão para filmar um filme de ficção científica chamado Argo. Depois de feito todos os preparativos e de muito drama, os diplomatas foram resgatados.
O filme é perfeito na sua ambientação dos anos 70, tudo é perfeito, os cabelos, as roupas, os objetos, as locações, os conflitos e as mazelas se encaixam na nossas lembranças setentistas. Só faltou uma discoteca e uma musiquinha do Barry White.
O final da história mostra como a verdadeira mensagem que o filme quis passar foi o retorno dos valores familiares numa sociedade onde a família já estava sendo vilipendiada.
O filme na minha opinião não merece nenhum Oscar, mas pode ser indicado nas categorias de roteiro, direção e figurino.
Acredito que seja o primeiro filme oscarizável que eu vi esse ano, mas pela simplicidade da história se mostrou muito pretensioso para ser respeitado como um bom pretendente à estatueta.
Nós do blog avaliamos o filme como merecedor de 7 ampolas, corrosão média.
Nenhum comentário:
Postar um comentário