sexta-feira, 19 de outubro de 2012

EUVÍ: Final de Avenida Brasil (uma novela excelente com um final covarde, tímido e óbvio) crítica

Meu deus, vou deixar bem claro, escrevo com raiva.
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Os israelenses têm um ditado:"Os palestinos não perdem a oportunidade de perder uma oportunadade."
O final de Avenida Brasil é um final palestino.





A novela foi muito boa, começou muito bem, mas acho que o autor se perdeu no meio do caminho e se deixou influenciar por ideias estranhas àquelas ideias que teriam iniciado a trama.
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Como muitos sabem, as comparações com a série Revenge são legítimas, ambas as tramas se traduzem em contextos diferentes e seus personagens vestem os mesmos arquétipos.

Avenida Brasil investiu num público que a muito tempo não ficava apreensivo em frente a televisão.

A novela mostrava um cenário que a "nova classe média" abraçou e se identificou.

Os personagens de Avenida Brasil são todos provenientes de um "lixão", um lugar malvisto pela sociedade e que causa repulsa para aqueles que o visitam.
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Os personagens são em sua maioria alpinistas sociais que se agarram na calda de foguete que é a ascenção do jogador Tufão, porém todos têm em si um âncora que os puxa para os seus passados.

Nenhuma novela soube ser material tão fertil para as imaginações de usuários de redes sociais, frases como "me serve vadia, me serve" entraram no vocabulário popular.

Carminha virou predicado que muitos dão aos seus próximos malquistos. Significaria oportunismo, mau-caratismo e apego pelas artimanhas mais rasteiras.

A novela matou a fome de verdade do povo. Chega de núcleo elitista do leblon! A novela desenhava a classe C, do lixão à mansão. O país se viu no espelho. Para muitos, Avenida Brasil não era ficção, Avenida Brasil era realidade.

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A novela se chama Avenida Brasil por causa do atropelamento do personagem Genesio no primeiro episódio.

Tal evento, que se dá na avenida Brasil, abre as portas do destino para que vários personagens tenham oportunidade de obter o que sempre almejaram, sua elevação financeira e social.

O pobre jogador de futebol Tufão se vê encurralado pela situação e acaba seduzido por Carminha, que através de seus atos joga a pequena Nina para o acaso.

Tufão, um expoente da humildade decide morar numa mansão no bairro do Divino, um bairro popular, onde os costumes das pessoas comuns se somam a pureza e malandragem característica do povo brasileiro.

Tufão é cercado de asseclas, Carminha, sua esposa, sua filha obesa, Max, que é amante de Carminha e casado com sua irmã Ivana, Leleco, seu boêmio pai e sua mãe.
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Nina, que foi criada na Argentina depois de ser adotada, não perdou Carminha por ter manipulado a morte de seu pai Genesio e por ter jogado ela no lixão, onde conheceu Jorginho.

Com a vingança no coração, Nina volta ao Brasil para ser cozinheira na mansão de Tufão, com o intuito de aplicar uma implacável retaliação a Carminha.

Com sua disciplina, conquista o coração de todos, com exceção de Carminha, que a persegue.

Com o tempo, ela descobre todos o pormenores das artimanhas venenosas de Carminha e até conquista sua confiança, acumulando provas contra ela.

É nesse contexto que vem o episódio 100. Carminha descobre que Nina é a menina que deixou no lixão e de forma surpreendente junta todos os fatos para perceber que Nina vinha trabalhando contra ela em todos os momentos.
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Carminha, joga Nina numa cova raza depois de agredí-la e ameaçá-la.

Quando ia matá-la, faz exatamente o que uma pessoa muito má, esperta e que tem muito a perder faria, não a matou. E tendo Nina implorado por sua vida prometendo que sairia de sua vida, apenas a deu um susto, pois não podia sujar suas mãos com sangue.
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Nina sai da cova como um zumbi se arrastando pelas estradas a caminho de um lugar onde pudesse revelar as fotos que tinha de Carminha e Max, fotos que acabariam com sua vida de Carminha.

Até aí a novela foi excelente.

Daí Nina mostra as fotos para Carminha e a partir daí passa a ameaçar, chantagear e a humilhar. Daí surge o 'me serve vadia, me serve".

A partir desse ponto, a novela começa a perder oportunidades, por um simples motivo, a novela perde o nexo com a realidade.

Uma pessoa que sofreu o que a Nina passou, crescendo com as feridas que adquiriu na própria alma, JAMAIS perderia a oportunidade de liquidar com a vida da Carminha na primeira oportunidade, ainda mais depois que ela descobriu quem ela era e depois de 100 episódio sendo empregadinha de sua rival.

Nina não soube perdoar, se deixou dominar pela vingança e na vida real ela certamente ia acabar morrendo devido a sua insensatez.
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A verdade é que a história acabou no episódio 100, ou devia ter acabado, depois disso começou a se esticar e o autor mostrou que não sabia o que ia fazer no final.

Depois de um final horroroso de Fina Estampa, onde o autor se negou a responder quem era o amante do Crô, eu sabia que nenhuma novela poderia me dar um final bom e convincente. Nem Lost deu.

Prova disso é que os núcleos secundários ganharam tamanho na trama, ninguém estava interessado em saber se o Cadinho ia ficar com três ou com duas mulheres, ou se a Suellen ia ficar com dois homens.

O doutor Albieri caiu de paraquedas na novela, dessa vez chamado de Santiago, o pai da Carminha.
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Santiago chegou no fim da novela, sem que a trama tivesse forrado uma cama para sua chegada, suas ações trouxeram novos contextos a trama, trazendo a luz aos passados conturbados de muitos personagens.

Uma novela tão boa não poderia acabar com um clichê tão batido como "Quem matou o fulano de tal", que no caso era o Max.

Max, foi morto pela Carminha no barco, até então, era um mais um personagem malandro e cômico. Depois o Max aparece de novo, mas já não é mais o mesmo personagem.
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Max, agressivo e surtado, leva os personagens da mansão ao lixão, onde ameaça a vida de todos.

Numa cena MUITO bem feita, alguém mata Max e fica o mistério de quem seria o assassino.

O assassino nunca pode ser o mais óbvio ou quem não tem nenhuma dica que possa ser o assassino. Nesse ponto, a novela falhou miseravelmente, do nada todos os personagens começaram a se estranhar e a surgir estranhas perguntas sobre seus álibis.

No final das contas, Carminha, a melhor interpretação da novela era a assassina. Não acreditei e achei que até o final do episódio o verdadeiro assassino surgiria de forma brilhante.

Não apareceu.

Ao invés disso, o autor responde a pergunta que ninguém queria saber, o porque da frustração de Adauto. Nos preciosos últimos minutos, a trama se esforça para revelar que seu segredinho era que ele chupava chupetinha.

CHUPETINHA! Eu mereço mesmo. Chupetinha!

Depois de queimar sua chupetinha, Adauto volta a jogar no time do Divino, vira um craque e marca o gol do título.
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A novela acaba.

Eu fiquei esperando o verdadeiro assassino aparecer, algo que daria esperança às minhas expectativas, mas nada apareceu, apenas o encerramento:"OIOIOI".

Ainda acredito que Carminha não matou o Max, deve ter sido um outro personagem e através de mensagens dadas nos episódios finais o autor deu o recado de quem seria pra quem prestou atenção. Não, estou errado, ele não fez isso.

A novela deu a entender que Tufão ia ficar com a Nina, e do nada, vai pro colo da Monalisa. Carminha sempre foi ruim, depois do assédio popular, do nada ela passou a ser mais boazinha, passou ter um passado que explicava seus mais atos. Tudo verruga de roteiro. Os núcleos não tinham ligação. Cadinho tinha pouquíssima ligação com os outros núcleos, geralmente o núcleo pobre traz a comédia enquanto os acontecimentos do núcleo rico se desenrolam, nessa novels aconteceu o contrário.

Nina cometeu muitos crimes, tinha que ferrar a Carminha e se mandar pra Argentina, onde ela tem uma vida. Carminha, do nada foi humanizada.

No final enxerguei um inteligente recado que o autor deu para a turma do mensalão na frase da Carminha:"Eu tenho que pagar pelo o que eu fiz".

O final feliz da novela chega a ser uma ofensa, afinal, a covardia do final feliz é vexaminoso para qualquer história, ainda mais uma tão alardeada.

O final que eu fiz na minha cabeça era muito melhor.
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Na minha cabeça, Nina sairia da cova e logo entregaria as fotos pro Tufão, Carminha e Max seriam desmoralizados e aplicariam paulativamente seus planos de vingança contra Nina e a turma do Tufão, um a um.

A novela acabaria num embate final entre Nina e Carminha, em que Nina morreria. Carminha falaria antes dela morrer alguma revelação poderosa, como falar que matou a mãe dela ou coisa parecida.

Carminha daria um golpe no Tufão e sairia com o dinheiro dele numa férias tórridas com o Max no Havaí.

Eles se divertem e a Carminha resolve sair de noite para comprar alguma coisa e vê na televisão a repercussão pela morte do Tufão, que ninguém sabe porque morreu.

Carminha volta pro apartamento correndo pra contar pro Max e ao entrar no quarto as luzes não ligam, ela fica nervosa e vai pro quarto, de repente as luzes se acendem e ela vê o Max morto na cama, ela vira para trás e vê a Nina com uma faca na mão proferindo a frase:
"Me serve vadia, me serve".

A luzes se apagam.

A Carminha grita.

A novela acabava sem OIOIOI. Esse seria um final adulto e digno do resto da novela.

Teriam muitos finais melhores, pra mim, a Nina não podia terminar bem depois de tanta vingança. A Carminha ou terminava bem ou morria. O Tufão ficou com a Heloisa Perisse de um hora pra outra. No final, o autor arrumou par pra quem pôde, vide o Adauto.

Mas é isso, mais uma novela que podia ter entrado pra história como uma das melhores já feitas na história, e vai entrar na história com uma das melhores já feitas na história, mas não vai ser por causa do seu final, aliás, acho ninguém vai lembrar desse final.
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Tchau, tchau, tchau, Carminha!

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