Li essa semana uma reportagem no New York Times com quatro coreanos do norte falando o que mudou desde a sucessão que levou Kim Jong-Un ao poder.
Um cidadão falou que se o governo descobrisse que ele lia a bíblia já seria o suficiente para que ele fosse um homem morto.
O cristianismo é perseguido na Coreia do Norte. Os cristãos tendem a ser os mais críticos ao governo devido a sua rejeição da propaganda comunista e ao combate dos seus direitos de crença.
Outro fato interessante é que existe uma perseguição a quem consome a cultura de outros países. Por exemplo, novelas da coreia do sul são contrabandeadas dentro do país e também é proibido assistí-las.
Um cidadão denunciou que existe uma nova geração de coreanos do norte com acesso a celulares e bens de tecnologia avançada, que as mulheres têm hoje mais liberdade para se vestir como as ocidentais.
Outro coreano afirmou que não lhe interessa ir a cidade ver as novidades enquanto a família dele no campo está passando fome. Hoje, segundo ele, ninguém mais acredita no regime unipartidário do país.
O relato mais forte foi dado por uma mulher, ela disse que tinha de fazer bolos para vender na cidade para poder sustentar sua família. O mais interessante é que ao de redor dela se amontoavam segundo ela várias crianças morrendo de fome, que não tinham forças nem pra roubar o alimento que significaria aumentar o tempo de suas vidas.
Todos falaram da enorme propaganda comunista que foi alardeada com a chegada do novo líder.
Foi anunciado que uma nova era de alegria e prosperidade estaria por vir e os entrevistados estavam muito frustrados e decepcionados por terem crido nisso. Foi falado que os animais comeriam manjares, dando a entender que viria um tempo de fartura sem precedentes.
O número de mortos de fome só tende a aumentar, pois segundo a reportagem, a colheita desse ano foi ruim. Isso faz com que muitos tentem fugir para a China e para Coreia do Sul.
É íncrivel como depois de anos de alienação, as pessoas ainda conseguem acreditar num regime tão ordinário. Vamos ver então como esse inferno vermelho começou.
Era uma vez, um país chamado Coreia(isso mesmo, só Coreia), durante a segunda guerra ela foi invadida pelo Japão. Com a derrota do Japão na segunda guerra, o país foi "ocupado" no norte pelos soviéticos e no sul pelos americanos.
Em 1948, o Norte se recusou a participar da eleição agendada pela ONU, e assim ocorreu a cisão.
Assim que os americanos saíram do sul, o líder do norte, Kim Il-Jong quis atacar o sul, mas Stalin foi contra. Assim que Stalin viu que o programa nuclear soviético estava progredindo e que Mao Tse Tung tomou o poder na China, Stalin decidiu que a Coreia do Norte deveria atacar a do sul, uma vez que havia a promessa de apoio da China.
Ambas as partes reinvidicavam o controle de todo o país, então aconteceu a Guerra da Coreia, num primeiro momento o Norte domina quase todo o território do Sul.
No segundo momento os americanos entram na guerra e o Sul domina quase todo o território do Norte. Num terceiro momento a China entra na guerra e ambos os países assinam um armistício firmando fronteiras.
Um tratado de paz jamais foi assinado e os países continuam até hoje em estado de guerra, em 2009 a Coreia do Norte unilateralmente removeu o armistício.
Algo interessante aconteceu em meados dos anos 90. A Coreia do Norte declarou que estava trabalhando para adquirir armas nucleares e que entraria em guerra com a Coreia do Sul caso sofresse sanções.
Quando os Estados Unidos declarou que poderia agir militarmente para evitar que a Coreia do Norte obtesse uma arma nuclear.
O peculiar foi que ao invés do coreanos do sul gostarem disso, no dia seguinte dessa declaração as bolsas coreanas despencaram e houve uma corrida aos supermercados para fazer estoque de comida.
Os coreanos do sul pensaram que viria mais uma guerra sem fim. Quando os Estados Unidos disseram posteriormente que não impediriam a Coreia do Norte de obter uma arma nuclear houve euforia e otimismo na Coreia do Sul com a percepção de mais anos de paz.
A balança de poder na região é muito sensível, o governo diabólico da Coreia do Norte(com todo respeito ao diabo) ameaça os vizinhos Japão e Coreia do Sul a todo momento, eles não parecem ter muito a perder. Já chegaram até a atacar o território da Coreia do Sul para demonstrar o quanto estariam dispostos a um confronto.
A Coreia do Norte teria tentado assassinar líderes da Coreia do Sul sucessivas vezes, em 1968, 1974 e 1983.
O governo do Norte sempre foi governado pelo ditador Kim Il-Jong, ele instalou no país um regime comunista ,,stalinista, com repressão a qualquer tipo de liberdade individual, como direitos de expressão, religião, filiação partidária, etc.
Em nenhum lugar do mundo existia um Big Brother tão assumido, o Estado controlava a vida da população e promove um regime tido como irreligioso, mas que no entanto, diviniza a figura do líder.
O juche, como é conhecida a filosofia do regime, se constitui na total autossuficiência nacional e culto à personalidade do líder, não sendo admitida a oposição, um regime unipartidário.
Na Coréia do Sul, os anos 90 significaram a abertura para o regime liberal democrático, o país investiu pesado em educação e grandes corporações brotaram em solo coreano.
Em Kim Il-Jong morreu em 1994 e foi substituído por seu filho, o playboy Kim Jong-il e na sua gestão, o "líder supremo" avançou o programa nuclear e tentou uma aproximação com a Coreia do Sul.
Com a morte em 2011, o seu filho Kim Jong-un tomou o poder, prometendo mudanças positivas para o povo e um tom mais agressivo aos vizinhos.
Algo interessante é que o filho mais velho de Kim Jong-il foi deserdado por ter visitado a Disney de Tóquio.
Outra curiosidade é que uma ex-namorada de Jong-un que teria sido reprovada por Jong-Il e forçada a se casar com um oficial do exército tem sido vista ao lado de Jong-un. Que bafão hein.Ela seria uma cantora de "músicas patrióticas", o equivalente a uma cantora pop num país em que a música pop não existe.
A Coreia do Norte possui uma elite excêntrica que cresce às custas de um povo miserável que vive no campo, nas cidades, o número de prédios cresce a cada dia. Uma crise de maiores proporções poderia forçar essa elite a procurar "outras opções" se ameaçasse seu modo de vida privilegiado.
Como a economia da Coreia do Norte é muito atrasada, a aproximação com a Coreia do Sul é com o intuito de trazer investimentos para a região e de aumentar a ajuda humanitária que não deixa muitos morrerem de fome.
Já a Coreia do Sul, com uma economia vibrante e no caminho de se tornar um país desenvolvido não teria condição alguma de se unificar com o Norte, sofreria num nível muito maior das mazelas que aconteceram com a Alemanha Ocidental quando da unificação com a Alemanha Oriental.
Essa é a história das Coreias, a boa e a má, a que tem mostrado que é possível vencer através do esforço e do trabalho, sendo respeitada pelo mundo e a que vem ameaçando as nações, ceifando milhares de vidas em função de um regime falido, se impondo pela força e sendo temida pelo mundo.
Eu nem preciso dizer quem é a boa e quem é a má né?
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