sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
EUVÍ: Jair Bolsonaro vai no Programa do Ratinho para discutir o Kit Gay
O Brasil sofre com uma série de mazelas nos dias atuais, porém nenhum tema vem causando mais polêmica do que a questão do Kit Gay que seria distribuído nas escolas para alunos do 1° grau. O Brasil parece ter problemas bastante mais importantes para serem discutidos, mas atualmente a imprensa tem dado espaço para a discussão sobre os direitos dos AGLBT. Nesta quinta-feira o deputado Jair Bolsonaro e o foi juntamente com o presidente do grupo AGLBT Tony Reis ao programa do Ratinho para discutirem uma série de questões no tocante às polêmicas geradas pelo Kit Gay.
Jair Bolsonaro é um homem que está longe de ser um santo. O deputado tem inclusive posições radicais numa série de assuntos. O ex-militar já fez infelizes declarações que foram interpretadas como racistas e homofóbicas no passado. No entanto, Bolsonaro é um dos poucos deputados que defende a bandeira dos valores familiares numa sociedade tão corrompida como a nossa ,e, como todos sabemos, defender a família não é desmérito algum - por mais que hoje quem a defenda seja taxado como retrógrado. O problema é que muitas vezes Bolsonaro se excede e não defende os bons costumes, mas defende o mais puro preconceito, pois ser a favor da família não implica ninguém a ser contra os homossexuais.
Segudo Bolsonaro, com uma palmadinha é possível melhorar o comportamento de uma criança, assim como é possível melhorar o comportamento, do que ele disse ser um gayzinho. Ele ainda acrescentou que se Tony Reis tivesse tomado umas palmadas muito provavelmente não seria homossexual. O deputado disse depois que no Brasil as minorias deveriam viver sob o controle da maioria, e não o contrário.
O programa começou quente. O ativista Tony Reis no passado já teria tentado cassar o mandato do deputado graças às suas declarações sobre a Lei da Palmada. Bolsonaro respondeu que em nenhum momento de sua carreira incitou o espancamento para as crianças e afirmou que o uso da correção pode ser usado para corrigir a homossexualidade nas crianças. Depois disso Tony Reis respondeu dizendo que era Bolsonaro que deveria ser espancado por ter uma opinião tão atrasada.
Ratinho então exibiu um dos cinco vídeos do aclamado Kit Gay que querem que seja exibido nas escolas. Na minha opinião os vídeos até tem uma boa intenção, mas eles são muito fortes para serem exibidos por crianças do 1° grau. Muitas crianças ainda não tem o discernimento para poder conceber as duras informações sobre a homossexualidade e podem encarar os vídeos como um convite ao mundo dessas práticas. É bom enteder que as crianças estão numa idade muito suscetível a determinados comportamentos e deve haver formas mais adequadas de educá-las a respeito da homofobia.
Eu assisti os vídeos do Kit Gay e confesso que eles exageraram na mensagem que eles tinham que passar. Em um dos vídeos chamado Probabilidades, um personagem faz um claro convite a bissexualidade quando ele diz que ao se tornar bissexual aumentou em 50% as chances de se relacionar com alguém. Uma pessoa que se torna bissexual não aumenta a possibilidade de se relacionar em 50%, mas a aumenta em 100%. Se os vídeos gozassem de um bom senso mais apurado eles não teriam levantado tanta polêmica.
O pior de tudo é que esses vídeos foram custeados com dinheiro do povo. A produção dos vídeos custou 1 MILHÃO DE REAIS DOS COFRES PÚBLICOS. Gastar tanto dinheiro público num material tão inadequado foi um desatino sem tamanho. Eu até sou a favor de que haja um material para combater a homofobia, mas deve haver também um material para combater o preconceito contra obesos, feios, estranhos, participantes de minorias religiosas e etc.
Ainda assim é preciso combater a homofobia nas escolas, pois pesquisas atuais mostram que mais de 70% dos alunos não gostariam de dividir uma sala de aula com um homossexual.Além disso, o bullying direcionado aos homossexuais ainda é uma das principais causas da evasão escolar. Seria mais fácil se a discussão sobre esse tema não fosse alardeada com tanta polêmica e pelas figuras folclóricas como o deputado Bolsonaro. O debate no programa do Ratinho foi mais um debate inútil onde os próprios debatedores estavam mais interessados em atacar um ao outro do que advocar por suas respectivas causas.
A criação ou não de um Kit Gay não acabará com a homofobia no nosso país. A única forma de acabar com o preconceito não é com a educação. O problema é que todos sabemos que a verdadeira educação se traz de casa e não do colégio. Do que adianta ensinar as crianças nos colégios uma coisa se dentro de suas casas elas aprenderão exatamente o oposto? Usar dinheiro público para mudar as opiniões das pessoas nem sempre é uma tarefa fácil. Talvez aquilo que o Brasil realmente precise não seja um Kit Gay, mas um Kit Bom Senso.
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