quarta-feira, 14 de novembro de 2012

EUVÍ: Adoção de crianças por homossexuais - a faca e o queijo


Já era bem pequeno quando ouvi um ditado bem conhecido, o ditado da faca e do queijo. Existem uma série de problemas em nosso país que têm soluções simples e que esbarram no moralismo e na hipocrisia de muitos. Vamos pensar no caso da Joana, uma mulher negra e pobre que acabou se descuidando e ficando grávida, ela poderia muito bem tentar fazer um aborto clandestino, mas por amor ao ser que tem dentro de si, ela o oferece depois da gestação para um orfanato. Ao chegar no orfanato, o filho de Joana vai crescer com uma PROFUNDA carência das figuras paternas e maternas e provavelmente desejará ser adotado por qualquer família.



A questão da adoção de crianças por homossexuais é um complexo assunto que passa pela pobreza, pelo planejamento familiar e pelo aborto até chegar no direito dos homossexuais em adotar. O Brasil hoje vive um problema e tem nas suas mãos a solução, mas prefere não solucionar o problema por uma mera questão de preconceito. O problema é que todos os dias os brasileiros concebem crianças indesejadas, o Estado poderia ter um programa de planejamento familiar para evitar isso ou  ainda poderia permitir que todas essas mulheres abortassem, mas o Estado nada faz e essas crianças acabam superlotando os orfanatos.



Um dos problemas dessa questão é que o Estado impõe uma ENORME burocracia para as pessoas que têm amor no coração e querem adotar uma criança. Além dessa enorme burocracia que impede as pessoas de adotarem as crianças e sanarem essas mazela, o Estado não permite que casais homossexuais adotem essas carentes crianças esquecidas. É óbvio, eu adoraria que todas as pessoas fossem criadas de forma tradicional, por um pai e uma mãe, mas esse meu desejo é lúdico e não corresponde com a realidade. Infelizmente, muitas pessoas preferem tirar os olhos do que de fato acontece para olhar para as situações de acordo com o que acreditam.



As pessoas que são contrárias a adoção de crianças por homossexuais se apoiam em 3 argumentos.

1- A família é composta por homem, mulher e filhos. Uma criança deve ter referência materna e paterna.

Eu concordo que a melhor forma de se criar uma pessoa é com um pai e uma mãe, mas nem todos podem ser criados dessa forma. Quantas pessoas eu não conheço que foram criadas sem pai, e mesmo assim são pessoas descentes. Por que os moralistas não impedem que crianças sejam criadas por mães solteiras? A carência da figura paterna não traz irremediáveis consequências? Se um homem pode criar uma criança sozinho, porque esse homem não pode criar essa criança com outro homem?



2- A adoção de crianças por homossexuais pode fazer com que as crianças adotadas se tornem homossexuais.

Todos os estudos apontam que crianças adotadas por homossexuais não tem maior chance de se tornarem homossexuais. Mas e se tivessem? O que seria pior? Uma criança ser criada por homossexuais ou ficar a mocidade inteira presa num orfanato? Eu até acho que uma criança criada por homossexuais eventualmente pode ter mais facilidade para lidar com a sua própria homossexualidade, uma vez que ela pode não enxergar a homossexualidade como uma maldição e poderá entender melhor o que ela é, ao invés de se tornar um homossexual enrustido.

Qual o problema das crianças adotadas se tornarem homossexuais? Ser homossexual é ruim? Quem usa desse argumento esconde um forte preconceito em relação ao tema.



3- A figura divina que nos criou teria criado apenas homem e mulher para a preservação da espécie. A homossexualidade é pecado e por isso aqueles que a praticam não podem adotar crianças.

Sim, caso deus exista e de fato tenha criado a humanidade, é evidente que ele teria criado o homem e a mulher para a preservação da espécie, pois claramente apenas essa combinação pode gerar descendentes. O problema é que a maioria das religiões monoteístas crê que a homossexualidade é um pecado, isso é um direito delas, elas têm o direito de crer no que quiserem. No entanto, o Estado brasileiro é laico e não está submetido a princípios religiosos, não sendo obrigado a atuar de acordo com os valores das religiões da sua população a despeito das medidas necessárias, que sejam contrárias à moral imposta pelas religiões.

Tudo bem, as religiões afirmam que a homossexualidade é pecado. Mas mentir também é pecado e mentirosos podem adotar, roubar também é pecado e roubadores podem adotar, matar também é pecado e assassinos podem adotar. Por que apenas os homossexuais são privados de adotar, senão são os únicos a serem pecadores segundo a visão das religiões? Querer privar especificamente um determinado grupo de gozar de um direito que é concedido a todos, apenas por causa de sua opção sexual, é algo que só pode ser visto como um preconceito rasteiro.



Conclusão

Para adotar uma criança o primeiro requisito é o amor. Se um casal possui o amor para querer criar e sustentar uma criança que nem tem o seu sangue, porque motivo esse casal deveria ter seu querer frustrado apenas por causa de sua orientação sexual. Ter dois pais é melhor do que não ter nenhum, ter duas mães é melhor do que não ter nenhuma. Não podemos brincar com a vida das pessoas, impedindo milhares de crianças de crescerem com um lar e uma família.



O pior pecador é aquele que pode fazer o bem e não faz. As pessoas deveriam se colocar no lugar dos indivíduos que estão hoje nos orfanatos(alguns bons, outros ruins) e pensar nessas pessoas que não pediram para nascer, mas tem todo o direito de possuir o maior bem que alguém pode ter: uma família. Se os moralistas não podem ajudar a tirar todas as crianças dos orfanatos, porque eles simplesmente não deixam de atrapalhar aqueles que querem adotar esses seres humanos?

O pior cego é aquele que não quer ver.

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