Hoje se cria uma ferida que tende a demorar para ser curada dentro da já bipartida sociedade americana, os campeões levaram tudo, os perdedores só levaram para casa um travesseiro de decepção e frustração para descansar a cabeça essa noite.
Me recordo que certa vez eu estava conversando com um ateu e ele disse que Romney não tinha chance por ser mórmon, por achar que os evangélicos racistas e preconceituosos jamais votariam num herege. Ele estava errado. Romney não tinha chance de vencer Obama não por causa de religião, mas por causa de toda uma conjuntura muito mais complexa.
Mitt Romney era um homem de vários defeitos, trocava de opinião como trocava de roupa, era possuidor de uma personalidade sem carisma e era visto como um milionário que defendia os interesses das elites.
Obama só possui qualidades, é um pacífico homem de família sensato que sempre traz uma mensagem de fé e esperança às massas frustradas pelos políticos tradicionais.
Obama, que muitos tinham como o messias que salvaria a economia, soube muito bem explorar seus acertos, mas também soube explorar seus próprios erros. Obama, que personificava os desejos de uma nova geração, soube bem traduzir os desejos de uma massa ignorada para o gabinete da presidência americana.
O sucesso de Obama se deve também aos seus fracassos, seus fracassos intensificaram o radicalismo da oposição e graças a mídia, pôde pintar seus opositores como os verdadeiros culpados por tudo.
Obama entra pra história como um presidente que se reelegeu não pelas suas verdades, mas pelos sonhos que conseguiu vender.
O triunfo de Obama é tão grande que ele conseguiu desmoralizar os republicanos que tinham certeza que iriam vencê-lo. Os radicais do Tea Party tendem agora a perder a voz dentro do partido republicano e talvez até fundem um novo partido, o que seria o sonho delirante das elites democratas, que adorariam ver a oposição fragmentada.
Obama foi tão bem sucedido que em sua eleição conseguiu mudar o tema, ao invés da economia, preferiu o tema do aborto; ao invés de falar da dívida, preferiu o tema foi os métodos contraceptivos e ao invés de propor algo novo para o país, preferiu fazer uma eleição sobre a inviabilidade de seu adversário.
A OPOSIÇÃO TERMINOU TÃO HUMILHADA QUE EU NÃO ME SURPREENDERIA SE TENTASSE MATAR O PRESIDENTE.
Obama venceu por sempre ter sido justificado pela imprensa e por ter efetuado uma campanha que explorou o medo dos americanos de trazer de volta ao poder de um candidato que traria guerras, impostos e miséria ao povo.
A Casa Branca, ou Casa Negra, como deve ser chamada agora, agora vai abrigar um presidente que traz os valores do século 21, trazendo uma nova mensagem para dentro das mentes americanas.
Eu, como um ouvinte das rádios conservadoras americanas e telespectador diário da Fox News e da MSNBC, durante todo esse ano pude observar um presidente que se teve uma atuação impecável na política externa, cometeu erros gravíssimos nas políticas internas. Seu principal legado será uma dívida impagável e a decadência relativa dos Estados Unidos no contexto internacional. Entretanto, sua eleição e sua reeleição são as provas vivas da quebra da barreiras raciais na América.
Romney teve coragem de concorrer pela nomeação de um partido radical, mesmo sendo um moderado. Romney teve coragem de enfrentar o primeiro presidente negro, mesmo sendo fortemente apoiado pela imprensa. Romney teve coragem de se opor ao destino que guiava seu país e lutou até o final para ser eleito. Romney teve coragem de olhar olho no olho do presidente dos Estados Unidos e jogar na cara dele as verdades que nunca o haviam sido contadas. Romney teve coragem de perder com dignidade, sem explorar a religião, sem explorar a cor da pele de seu adversário e por não explorar uma guerra de classes.
No entanto, essa eleição nos ensina uma grande lição: UM HOMEM CORAJOSO NÃO É A MAIORIA!!!!
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