segunda-feira, 12 de novembro de 2012
EUVÍ: Jean Willys contra José Roberto Guzzo, desta vez, com razão
Hoje, ao acordar reparei que repercurtiu na mídia um artigo do deputado federal Jean Willys criticando um outro artigo que um colunista da Veja havia feito em repúdio ao casamento homossexual. Por mais que eu seja a favor da união civil entre pessoas do mesmo sexo, sou a favor que todos possam expressar sua opinião sobre o assunto, até porque tenho uma visão muito peculiar em relação ao casamento. Ao meu ver o Estado não deveria se meter no casamento homossexual ou heterossexual, pois o casamento é um ritual de origem religiosa e sendo o Estado laico, a sua interferência num assunto religioso só pode causar um ruído social.
Eu aprendi ainda pequeno que nem todos concordariam comigo e que a forma mais fácil de não adquirir inimigos era simplesmente ficando calado. Apesar disso, compreendi que o ser humano é um animal pensante que tem a necessidade de expor e propagar as suas ideias e que não devemos menosprezar um ser humano simplesmente porque pensa diferente de nós.
Na coluna de José Roberto Guzzo na Veja em que ele advoca a favor do casamento tradicional e contra o casamento gay, Guzzo se utiliza de exemplos fortes para defender suas ideias ao comparar a homossexualidade com a zoofilia. Comparar zoofilia com a homossexualidade não é algo aceito pela sociedade. E por mais que eu seja um apoiador da liberdade de expressão, liberdade de expressão não é liberdade de ofender os outros, ainda mais a tão sofrida comunidade homossexual.
O deputado Jean Willys resolveu criticar o infeliz texto do colunista da Veja, mas não menciona em seu texto que faltou à votação da redistribuição dos royalties do petróleo que prejudicavam ao seu estado, o Rio de Janeiro, por estar reunido numa palestra discutindo a legalização dos prostíbulos. Na hora de criticar os outros, muitos se levantam para bradar lições de moral; porém na hora de cumprir com o seu dever e proteger seu estado, muitos se ocupam com afazeres menos importantes.
Vamos começar transmitindo as declarações de Jean Willys em resposta a José Roberto Guzzo:
"Eu havia prometido não responder à coluna do ex-diretor de redação de Veja, José Roberto Guzzo, para não ampliar a voz dos imbecis. Mas foram tantos os pedidos, tão sinceros, tão sentidos, que eu dominei meu asco e decidi responder."
Jean Willys já começa dizendo que prometeu não fazer algo e mudou de ideia. OK! Logo depois afirma que não quer ampliar a voz dos imbecis, mas é exatamente isso que ele fez com esse texto, ele amplia a voz do colunista da Veja e o oferece mais ibope. E claro, Willys deixa em entrelinhas que o colunista seria de fato um imbecil.
Willys ainda usa de sua boa argumentação para desconstruir o texto de Guzzo ao observar que ele usou a palavra homossexualismo para denotar na homossexualidade uma atitude doentia. Willys ainda denuncia que dos 50.000 homícidios que acontecem no Brasil todos os anos, 300 são homícidios de homossexuais causados pelo fato de serem homossexuais.
Apesar de existir uma sensitividade muito grande por parte da sofrida comunidade gay às críticas, o colunista da Veja realmente parece ter passado de todos os limites e eu reconheço que os homossexuais não merecem ser comparados com zoófilos. O problema é que o Brasil é um terreno tão fértil para o preconceito que se o colunista tivesse usado essa mesma retórica para criticar uma religião, uma instituição ou um partido político, não haveria repercussão alguma, pois todos estamos acostumados a ler críticas ferrenhas a tudo e todos.
A liberdade de expressão desconexa do bom senso pode gerar declarações que apenas alimentarão ao desrespeito e à intolerância a determinado grupo social. Uma sociedade que almeja a igualdade e o bem estar social não pode nutrir dentro do seu seio um viés tão nocivo para um outro grupo. A divergência em relação a esse tema se deve a anos e anos de marginalização da homossexualidade pelas religiões monoteístas e a revolução sexual que ocorre nos nossos dias.
A revista Veja tem como papel denunciar as opiniões dos vários setores que compõe a nossa sociedade e acabou pecando por não dar voz ao outro lado. O tema do casamento gay é ainda mais controverso porque ambos os defensores mais ferrenhos de cada lado são incapazes de discutir o assunto de forma séria sem acusar os do outro lado de serem atrasados, zoófilos, medievais, hipócritas, pervertidos ou moralistas. O texto de Willys, no fundo, além de ser uma resposta ao colunista da Veja, serve como munição para que mais discussões sejam travadas sem que o bom senso possa ser ouvido.
Respeitar o diferente não é aceitar o que ele faz, mas impedir que uma pessoa se comporte como quer, é negar que ela seja quem ela é.
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Acontece que àquele colunista da veja, é religioso e tal Jesus era extremamente homofóbico e incitava a morte de todos, logo, por óbvio, o colunista também o é. LEVITICUS 18:22 - "Com outro homem não deitarás, pois aberração o é, e seu sangue será sobre vós." Não é um legado maravilhoso daquele que morreu para tirar os pecados do mundo, mas se arrependeu e ressuscitou, dando um estelionato nos devotos.
ResponderExcluirPrometeu voltar em 1000 anos.....?????? Só mais um político e suas promessas vazias.
Achei o texto muito bom! Creio que o bom senso muitas vezes falta nas discussões e caimos realmente em extremos que só servem para exaltar ainda mais as pessoas. Concordo que o Estado é laico e deveria se abster de determinadas decisões que são individuais como o casamento.
ResponderExcluirNilson, você deveria antes de criticar a Biblia, ler um pouco mais e fazer uma distinção básica entre antigo e novo testamento. Isso é básico! Jesus está presente como homem no novo testamento, e há uma diferença primordial nos dois: no primeiro operava a justiça de Deus e no segundo a graça de Deus. Se voce tivesse lido melhor veria que a Biblia diz que 1- Deus é amor 2-Ainda que algo seja errado aos olhos de Deus, ele ama a todas as pessoas independente dos seus erros (e aqui se fossemos enumerar o que é considerado errado, estaríamos incluindo todos os eres humanos, pois todos são pecadores). Mas a graça faz que ainda que sejamos pecadores, sejamos considerados justos perante Deus, através de Jesus. Que não se arrependeu de ter morrido, mas que abriu um novo caminho do homem até Deus e que em nenhum momento prometeu voltar em mil anos.
Quando vejo esse tipo de comentário depois do texto penso que realmente estamos longe de ter um tipo de discussão séria, que não caia na ridicularização de qualquer extrato da população por intolerância. Vamos nos atentar a isso. Mas parece que as pessoas leem um texto ótimo como esse e não absorvem nada.
Olha, obrigado pelo comentário Carol e também obrigado pelo comentário Nilson, que não perde a oportunidade de deixar a sua opinião de viés religioso.
ResponderExcluirOutros blogs dizem que vão apagar comentários preconceituosos a religiões, racistas, classistas, burros, homofobicos, etc. Eu faço questão de deixar os comentários que incitam a intolerância e o ódio para mostrar quais são os grupos que trazem conflito para a nossa sociedade e o que eles dizem.
Não discuto como abitolados e fanáticos de qualquer religião, mas advoco pela coexistência pacífica entre todas elas, apesar de não ser um entusiasta do que viria a ser a religião.
Caro
ResponderExcluiro seu texto está um pouco confuso.
Apesar de você terminar defendendo os direitos no final, alguns pontos não são muito coerentes.
Primeiro, o que tem a ver o assunto dos royalties do petróleo com o assunto sobre os direitos civis?
Segundo, o fato de Jean Willys ter mudado de idéia sobre opinar sobre um assunto não o diminui e muito menos o seu argumento que foi muito bem fundamentado.
Não creio que se o mesmo argumento usado pelo Jean Willis fosse apontado para partidos politicos ou religiões, esse não teria repercussão nenhuma. Com certeza teria repercussão e acho que seria ainda muito maior, pois os gays são uma minoria e sua voz nem sempre é ouvida enquanto que os partidos políticos e as religiões têm muito mais voz.
E neste caso você está generalizando o assunto abordado pelo Jean, dizendo que o argumento pode ser aplicado para qualquer outra situação, como se não tivesse um fundamento específico ou fosse contextualizado.
Você fala que o estado é laico e que ele não deve se intrometer, porém eu discordo. A união entre duas pessoas do mesmo sexo se faz em âmbito civil, protegido pelo estado, então é através dele que precisamos ter leis que dêem o direito a duas pessoas do mesmo sexo de se casar.
Neste caso específico é sobre isso que se trata o argumento do Jean Willis, ter os mesmos direitos que a maioria da população tem, o de se casar na esfera civil.
Não tem nada a ver com religião. Na verdade em nenhum momento no texto dele se fala sobre religião.
Outro ponto é sobre a liberdade de expressão.
Como o próprio nome já diz liberdade é para todos, se ela é desprovida de bom senso então é porque a pessoa que a expressou não o possui.
Todos podem exprimir sua opinião, seja positiva ou negativamente. O que não se pode é atacar o outro de maneira a suprimir seus direitos. E todo ataque, seja por atos ou por palavras, estão sujeito às penalidades da lei. Ou seja, cada um é responsável por suas atitudes e palavras.
Um estado tem combater por meios legais as atitudes e palavras que geram desrespeitos e injustiças.
O problema é que não existem leis que garantam os direitos dos gays de seram atacados, de serem mortos e terem seus direitos suprimidos.
Temos sim que lutar para que todos tenhamos os mesmos direitos neste país, independente de raça, cor, credo, orientação sexual, classe social, etc.
Atenciosamente
Leonardo Simoes.
leonardo, você está CORRETÍSSIMO!!! vlw pelo comentário.
ResponderExcluirAlguém aí leu o texto original da Veja? (não achei na net)
ResponderExcluirAlguém aí tem como confirmar as 300 mortes causadas por homofobia? De onde são esses dados?
Grato
O Grupo Gay da Bahia (GGB),divulga o Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais de 2010. Foram documentados 260 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no Brasil no ano passado, 62 a mais que em 2009 (198 mortes), um aumento 113% nos últimos cinco anos (122 em 2007). Dentre os mortos, 140 gays (54%), 110 travestis (42%) e 10 lésbicas (4%). O Brasil confirma sua posição de campeão mundial de assassinatos de homossexuais: nos Estados Unidos, com 100 milhões a mais de habitantes que nosso país, foram registrados 14 assassinatos de travestis em 2010, enquanto no Brasil, foram 110 homicídios. O risco de um homossexual ser assassinado no Brasil é 785% maior que nos Estados Unidos.
ResponderExcluirObrigado Leonardo Simões
ResponderExcluirMesmo concordando em 95% do que disse sobre os exageros e exigências descabidas feitas pelo movimento XXXXXX (não sei mais como esta s sigla) o J.R.Guzzo exagerou e foi deselegante, eu não gostaria de meu filho ou minha filha ser comparada a um animal, ser humano é ser humano e não deve ser comparado ou taxado de nada. O senhor deputado Jean deve sim defender a bandeira da causa que lhe alçou ao cargo, mas só se preocupar e só falar disto demonstra a limitação do que ele é e do que quer e tem se tornado cego quando aos direitos dos outros, mostrando estar despreparado para o cargo, como muitos outros também não estão, sendo assim concordo com o escritor deste post quanto as escolhas das prioridades discutíveis do deputado.
ResponderExcluirAchei sua observação equivocada. Casamento não tem, propriamente, cunho religioso. A afirmação de que o estado laico não deve meter-se nos casamentos por este ser um ato religioso, é uma bobagem.
ResponderExcluirA união macho e fêmea, para preservação e continuidade da espécie humana precede e muito a ideia de deuses ou religião.
Seu comentário foi o maior monumento à canalhice que li em toda minha vida. Dizer que Jesus incitou todos contra todos só pode ter saído de uma mente porca, imunda e canalha como certamente é a sua. Acusar Jesus de "homofóbico" e que "incitava a morte de todos" indica que você tem algum tipo de transtorno mental incurável. Você deve ter dado tanto sua bunda pros porcos que você se tornou um deles.
ResponderExcluirNÃO LIGUE PARA O NILSON. SABEMOS QUE JESUS NÃO ERA ASSIM.
ResponderExcluirE DEVIDO AO SEU ESTILO DE VIDA, PROVAVELMENTE ERA VIADO.
E PREGAVA O AMOR ENTRE SEUS 12 "AMIGOS".
Tem que processar este sujeito pois achincalha os filhos adotivos, faz apologia ao sexo com animais e ainda fala que é nocivo criminalizar crimes homofóbicos.Pro cacete
ResponderExcluirCristo em momento algum acusou quem quer que fosse pela sua conduta, muito pelo contrário ele salvou uma adúltera do apedrejamento.Ele levou para o Paraíso um ladrão assassino, nunca se esqueçam disto.Temos que nos libertar das amarras do Antigo Testamento na realidade ele é apenas um conjunto de ConstituÍçoês de uma época.Os pergaminhos lá encontrados em sua maioria foram escritos por Reis e não devemos dar credibilidade a ele, pois se assim agirmos teremos que matar quem trabalha aos sábados,considerar a mulher imunda quando menstruada e não comendo nada por ela preparado,não comer e nem tocar em carne suína. Seria até difícil para quem almoça fora ter que perguntar se a mulher está menstruada kkkkkkk,Apedrejar os adúlteros, aliás somente em Juiz de Fora se levasse ao pé da letra e apedrejassem os adúlteros aqui seria um verdadeiro canteiro de obras de tantas pedras kkkkk.Ah tem também os que fazem sexo somente por prazer,e muito mais .Tá vendo melhor deixar prá lá e passarmos amar mais o próximo e praticar as obras...e não dar ibope para velho recalcado rebaixado de ex redator de redação para "contínuo" que quando não tem nada para fazer escrever merda...
ResponderExcluirTá, entre os milhares de mortos no Brasil 260 é LGT.
ResponderExcluirMas se os números são usados para comprovar a tal da homofobia, os crimes devem ser motivados por tal.
O relatório também divulga a motivação do crime? Porque se um negro é assassinado não necessariamente por racismo, idem para um branco, etc etc
Obrigado pelo texto completo