quarta-feira, 14 de novembro de 2012

EUVÍ: Monica Iozzi se diz assustada com a bancada evangélica


A repórter Mônica Iozzi, do programa CQC, na Band, foi entrevistada por Michel Blanco no programa “Dois Chopes”, do Yahoo!

Questionada a respeito de quem teria medo, entre os políticos entrevistados por ela, Mônica Iozzi respondeu: “Tenho medo da bancada dita evangélica”.







Iozzi questiona a função dos deputados que integram a bancada, pois para ela, as bandeiras levantadas pelos parlamentares evangélicos não justificam seus cargos: “Qual é a função de uma bancada evangélica? A única coisa que os caras falam é: ‘Nós lutamos pela família, pela moral, pelos bons costumes’”, indaga.A repórter fez ainda uma análise social em relação ao assunto e se mostrou contrariada com os fatos detectados por ela mesma: “Esses setores representam grande parte da população [...] Se a bancada evangélica cresce tanto, é porque muita gente vota. Tem uma grande parte da população que comunga desses ideais e isso é assustador”.

Voltei!

Olha, eu nutro uma grande simpatia pela Monica Iozzi e me vejo tentado a tentar endossar o que ela falou, mas acredito que a imensa maioria das pessoas já pensa igual a ela e que esse discurso tende a aumentar os preconceitos e a romper as membranas da nossa sociedade. Então vou educadamente analisar algumas frases que ela teria dito:



1-Tenho medo da bancada dita evangélica

Ao se referir a bancada evangélica como bancada dita evangélica, Iozzi já mostra que não nutre muito carinho pelo ajuntamento de deputados. Existem muitas coisas para se ter medo no nosso país, a violência, a corrupção, o descaso com a saúde, a intolerância contra as minorias, etc. As pessoas têm o direito de ter medo do que quiserem, mas eu não conheço ninguém que tema algo que vê como bom, as pessoas temem aquilo que veem como perigoso ou prejudicial.



2-Iozzi questiona a função dos deputados que integram a bancada, pois para ela, as bandeiras levantadas pelos parlamentares evangélicos não justificam seus cargos

O comentária de Iozzi ainda demonstra que ela acredita que as bandeiras defendidas pelos deputados evangélicos não justificam a função de um representante do legislativo.

Como todos sabemos, vivemos numa democracia, gostemos ou não. A nossa democracia é participativa e todos têm direito de terem as suas vozes ouvidas, sejam suas vozes tidas como boas ou ruins. Numa democracia, uma pessoa que tem determinada religião que é tida como negativa tem todos os direitos das pessoas que não tem religião e não são consideradas piores por parte do Estado por causa disso.

No dia da votação, para a alegria ou para a tristeza de muitos, ricos e pobres, brancos e negros, religiosos e irreligiosos têm o mesmos direitos de expressar suas vontades. Por mais que muitos acreditem que os valores da religião evangélica sejam inferiores e nocivos(e têm motivos para crer nisso), a democracia concede aos cidadãos elegerem a quem quiserem pelo motivo que quiserem. Sendo assim, um cidadão que tem determinada religião e tem determinados valores que conduzem suas ações, não deixa seus valores para fora na hora de votar e claramente escolhe candidatos que defendem as bandeiras que ele acredita.



3-“Qual é a função de uma bancada evangélica?

Olha, vou explicar pra quem não sabe, a bancada evangélica da câmara dos deputados é composta por deputados dos mais diferentes partidos que se unem para defender os seus princípios nos temas que são de cunho social. São deputados que são da base do governo e são da oposição e que por acaso são culpados de professar a religião evangélica.

Uma bancada tem como função defender a vontade daqueles que os elegeram, assim é a democracia participativa. Se os deputados evangélicos foram votados por evangélicos, cabe a eles defenderem as causas de seus eleitores. Um deputado é o representante do povo e um senador é o representante dos estados.



4-A única coisa que os caras falam é: ‘Nós lutamos pela família, pela moral, pelos bons costumes’”

Olha, eu poderia citar vários deputados evangélicos que são atuantes no congresso e MUITOS que não são evangélicos e lutam pela família, pela moral e pelos bons constumes. Qual o problema em defender a família? Qual o problema em defender a moral? Qual o problema em defender os bons costumes? Será que ela seria melhor se eles defendessem os maus costumes?

É ingenuidade acreditar que a única coisa que uma bancada fala é ‘Nós lutamos pela família, pela moral, pelos bons costumes’”. É óbvio que existem outros interesses que uma bancada defende. Vide a bancada ruralista.



5-Se a bancada evangélica cresce tanto, é porque muita gente vota. Tem uma grande parte da população que comunga desses ideais e isso é assustador

Óbvio que se uma bancada cresce é porque muitos votam nela e porque acreditam que ela defende seus interesses. O fato de Iozzi se surpreender com o fato de que grande parte da sociedade comunga com os ideais evangélicos e ainda achar isso assustador, mostra como a nossa sociedade é formada por várias bolhas sociais que não tem muita comunicação uma com a outra. Quando uma pessoa vê confrontada com as ideias de grupos que são tidos por ela como marginais, é normal se assustar.

Criticar a bancada evangélica é criticar os próprios evangélicos, que já são tão criticados que qualquer opinião mais ríspida é chuva no molhado.



O QUE EU TENHO MEDO:

1- Eu tenho medo da instalação de uma teocracia no nosso país, pois isso violaria a laicidade do Estado e mitigaria uma série de liberdades que demoraram anos para serem conquistadas. Apesar de haver muitos evangélicos fanáticos que adorariam viver numa teocracia evangélica, nenhum deputado de qualquer religião advoga a favor desse desatino.

2- Eu tenho medo de viver num mundo onde o ódio e a intolerância contra qualquer religião crie uma sociedade ainda mais dividida e preconceituosa que a nossa. Se já não bastassem as barreiras sociais, com a disparidade do pensamento secular e do pensamento evangélico, vivemos uma tendência de enfrentamentos ideologicos constantes que tendem a fraccionar ainda mais o nosso país em barreiras religiosas.



Na Alemanha nazista era comum as pessoas expressarem o ódio e o preconceito aos princípios do judaísmo e depois eles não tiveram nenhum constrangimento em perseguir os participantes dessa religião. As pessoas devem entender que agredir ideias implica em ofender pessoas normais e que a convivência pacífica entre todos os grupos religiosos vale muito mais do que uma crítica escamoteada aos valores religiosos.

Contra o desrespeito, o respeito; contra o preconceito, a tolerância; contra o ódio, o amor.

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