sábado, 24 de novembro de 2012

EUVÍ: O Dia da Inconsciência negra, branca, parda e etc



Segundo a nossa lei maior, todos somos iguais perante a lei. Infelizmente, a igualdade tem sido usada para causar exatamente a desigualdade no nosso país. Fui um dos primeiros alunos a ingressar numa universidade do Rio de Janeiro quando forma impostas as famosas cotas raciais.


"TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI, SEM DESTINÇÃO DE QUALQUER NATUREZA"(ARTIGO 5°DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL)


Segundo a concepção mais aceita, igualdade consiste em tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente a medida em que se desigualem. Mas será que a cor da pele é o suficiente para tratar uma pessoa diferente da outra? Será que a cor da pele traz uma desigualdade tão grande que force o Estado a agir de forma desigual com as pessoas? Existe no Brasil algum lugar que alguém seja privado de entrar em função da cor da pele? Existe alguma instituição nacionalmente conhecida e legal que nega a pessoas o direito de associação devido à etnia? No Brasil a pobreza e a miséria são privilégio exclusivo de algum grupo específico de pessoas ou elas atingem a todos a despeito da cor da pele?


Não sou branco e não tenho nenhum problema ou frustração com isso, logo, decidi que jamais tentaria ingressar na universidade com a ajuda da cor da minha pele. Infelizmente, muitos não podem fazer o mesmo e veem a política de cotas como a única oportunidade para ingressar numa universidade pública. Eu sinceramente não consigo entender o porquê que um negro pobre tem uma cota para entrar numa universidade e um branco pobre não tem. Ficar dando cota para grupos sociais só aumenta a estratificação dentro da sociedade. Daqui a pouco vão querer criar cotas para homossexuais, depois vão criar cotar para evangélicos, depois outras religiões também vão querer e assim todas as minorias que se acham injustiçadas vão pedir com o tempo.


Mas esse texto não é contra ou a favor das cotas raciais, mas sobre o racismo. Já estamos no século 21 e não conseguimos parar de ter essa visão mosaica de enxergar as pessoas por trás dos biombos raciais. Eu não consigo entender essa fixação racista de sempre lembrar de fatos pelo prisma racial, como o primeiro isso negro, o primeiro isso branco, o primeiro aquilo asiático, etc.



Se você conhecesse uma pessoa que visse tudo no mundo a sua volto pela questão financeira ou religiosa, você chamaria essa pessoa de lunática ou de fanática, mas se uma pessoa ver tudo pela questão racial, a nossa sociedade a tolera e não a classifica como racista.Um ser humano não é pior ou melhor que ninguém em razão da cor de sua pele. A época de se referir aos outros como homem branco e pele vermelha já passou e muita gente não reparou.


Além do mais, devido a intensa miscegenação que ocorreu no nosso país, até os mais brancos tem ancestrais negros e até os mais negros possuem ancestrais brancos. Será que isso já não seria o suficiente para esquecer essa questão racial? Ademais, as pessoas(racistas) podem até tratar as pessoas de forma diferenciada de acordo com a raça, mas o Estado deve tratar todos com igualdade. Se o Estado privilegia alguém por causa de uma religião ele está sendo injusto, mas quando ele faz isso em relação a raça ele está sendo racista.


Eu não entendo o porquê que deve haver um Dia da Consciência Negra se não existe um dia da consciência branca, parda, amarela, etc. Ninguém nasce racista, as pessoas são ensinadas conforme crescem que existem diferenças raciais na sociedade. Será que se simplesmente pararmos de nos referirmos às pessoas como brancas ou negras o racismo não será mais mitigado?


Na minha opinião o racismo só vai acabar no dia que olharmos para uma pessoa bem no fundo dos seus olhos e não enxergarmos um branco, um negro ou um pardo, mas apenas, um ser humano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário