No Amazonas, um grupo de 13 alunos evangélicos de uma escola fizeram um protesto em frente a sua escola por serem obrigados a fazer um trabalho interdiscilplinar que na opinião deles, feria seus princípios religiosos. Os estudantes se negaram a fazerem o trabalho imposto pelo projeto interdisciplinar sobre a ‘Preservação da Identidade Étnico-Cultural brasileira’ por entenderem que o trabalho faz apologia ao “satanismo e ao homossexualismo”, proposta que contraria as crenças deles.
Por conta própria e orientados pelos pastores e pais, eles fizeram um projeto sobre as missões evangélicas na África, o que não foi aceito pela escola. Por conta disso, os alunos acamparam na frente da escola, protestando contra o trabalho sobre cultura afro-brasileira, atitude que foi considerada um ato de intolerância étnica e religiosa. “Eles também se recusaram a ler obras como O Guarany, Macunaíma, Casa Grande Senzala, dizendo que os livros falavam sobre homossexualismo”, disse um professor.
Para os alunos, a questão deve ser encarada pelo lado religioso. “O que tem de errado no projeto são as outras religiões, principalmente o Candomblé e o Espiritismo, e o homossexualismo, que está nas obras literárias. Nós fizemos um projeto baseado na Bíblia”, alegou uma das alunas.A polêmica entre os alunos evangélicos e a escola provou a ida de representantes do Fórum Especial de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros do Amazonas, da Ordem dos Advogados do Brasil, secção do Amazonas, e do Ministério Público do Estado.
Voltei!
Sério, tão de brincadeira né! Eu tenho um histórico de escrever em defesa dos fracos e oprimidos, mas dessa vez não dá! Quando eu estou em um lugar e vejo alguém começar a esperniar quando a palavra bíblia ou deus é citada eu estranho. Por que não estranharia quando alguém começa a esperniar quando é confrontado com as religiões afro-brasileiras e a homossexualidade? Essa situação só mostra como o preconceito está enraizado em muitos setores da sociedade e fazer com que esses preconceitos sejam mitigados as vezes só os evidencia cada vez mais.
Se um testemunha de Jeová não é obrigado a pegar em armas ao servir no exército por motivos de sua religião, porque um grupo de evangélicos é obrigado a fazer um trabalho no colégio que violaria os princípios de sua religião? Será que devemos respeitar a diversidade quando alguns alunos se fazem de diferentes e se recusam a fazer um trabalho sobre a diversidade?
Ao meu ver toda essa situação se resume numa palavra: fanatismo.
Eu já li o Guarany e não li NENHUMA menção assintosamente homossexual, apenas algumas coisas que podem ser interpretadas nas conjecturas mais aprofundadas. Eu, mesmo sendo vítima de uma série de preconceitos na minha vida, e inclusive preconceitos de matriz religiosa, nunca deixei de fazer trabalhos sobre outras religiões e culturas na época do colégio. Nunca deixei de ir numa festa por causa de sua origem religiosa, como as festas juninas. O colégio deve ser um local que incentiva a socialização das pessoas diferentes e que prepara as crianças para a vida real, onde existe a diversidade.
Uma coisa seria se os alunos fossem obrigados a adorar as entidades das religiões afro-brasileiras, outra muito diferente é os alunos aprenderem sobre as religiões afro-brasileiras, para assim poderem respeitar e conviver melhor com outras religiões.
Mas o Estado não é laico? Por que as escolas públicas devem falar das religiões afro-brasileiras? Se o colégio manda fazer um trabalho sobre as religiões afro-brasileiras, não seria também necessário fazer um trabalho sobre todas as outras religiões?
O Estado é laico, mas as religiões existem, as pessoas seguem as religiões e são muitas vezes perseguidas e maltratadas em função de suas religiões. O Estado laico deve ensinar os cidadãos o quanto antes a respeitar as diferenças de todos os tipos, inclusive as diferenças religiosas. É um fato de que as religiões afro-brasileiras compõe parte da cultura brasileira e o Estado laico não pode omitir isso. O Estado laico não pode, nem deve estirpar a religião de sua história, nem seus traços na nossa cultura.
O fato dos alunos resolverem fazer um trabalho sobre as missões evangélicas na África é ainda mais ridículo, mas eles têm todo o direito de protestarem se pensam que estão tendo os seus direitos violados. Eu até entendo que uma escola não deveria obrigar alunos a fazerem um trabalho sobre determinadas religiões sem motivo, mas nesse caso, o motivo existe e tem a finalidade de ensinar a cultura afro-brasileira, que é tão vilipendiada em função do preconceito.
O problema do extremismo religioso desses alunos evangélicos é que esse extremismo acaba por criar ainda mais preconceito em relação aos evangélicos, muitos dos quais nem são extremistas. Geralmente, o extremista religioso não se preocupa muito com o preconceito que é impetrado contra ele, por acreditar que todos os seus atos que são confrontados mostram como ele está sendo crucificado em função de sua fé.
O extremismo desse grupo de religiosos vai servir de alimento para que vários intolerantes em relação às religiões critiquem ainda mais toda a comunidade evangélica e todas as religiões como um todo, pois eles vão colocar tudo no mesmo saco e julgar que todas as religiões são igualmente nocivas. É importante que a situação que aconteceu no colégio do Amazonas seja resolvida com o diálogo e sem essa denominação de certos e errados, pois do contrário, essa situação pode se multiplicar e gerar um ruído social ainda mais desnecessário.
Por mais que existam muitos no nosso país que adorariam que não existissem nenhum tipo de religioso no nosso território, isso não corresponde à realidade. Devemos aprender a lidar com a liberdade religiosa, com o preconceito religioso e com o ódio contra as religiões. As diferenças existem e o Estado deve incentivar a convivência pacífica entre os mutualmente opostos.
Citando a própria bíblia: "uma casa dividida não prospera".
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